Quando aterrissar nos Estados Unidos (ou México, ou Canadá) em junho do ano que vem, a seleção brasileira estará prestes a completar 24 anos de jejum em Copas do Mundo - igualando sua maior marca até hoje. Caso o capitão brasileiro não erga a taça em um subúrbio novaiorquino no dia 19 de julho, iremos vivenciar o nosso mais duradouro fracasso.
A última vez que o Brasil levantou a Taça FIFA foi em 2002, em uma Copa disputada na Coreia do Sul e no Japão. As coisas não parecem fáceis no momento, mas este texto vai tentar levantar alguns aspectos que mostram que talvez a mente inquieta do presidente da CBF, Ednaldo alguma coisa, esteja com um plano de ação na busca pelo hexa.
Aquela copa de 2002, é bom lembrar, foi a única até hoje cujas sedes foram espalhadas em mais de um país. Eis a primeira coincidência. A segunda delas é que o primeiro jejum de 24 anos terminou nos Estados Unidos em 1994. Onde será a final do ano que vem? Bingo.
Pois bem, 2002 foi também a última vez que o Brasil passou por um ciclo tenso de Copa do Mundo. A classificação nas eliminatórias veio apenas no último jogo, após colecionamos feitos negativos, como derrotas pioneiras para Equador, Paraguai e Chile - esta última um sonoro 3x0 do país que acabou o torneio em último lugar.
Nosso craque geracional, Ronaldo Fenômeno, passou a maior parte daqueles quatro anos tentando se recuperar de seguidas lesões no joelho. Rivaldo também sofreu com lesões. O povo clamava por Romário, que aos 36 anos, surgia como uma espécie de Messias para liderar um grupo de jogadores promissores, mas ainda inexperientes.
No período entre copas nós ganhamos uma Copa América em 1999, é verdade. Mas fomos eliminados da edição seguinte por Honduras. Fizemos uma Copa das Confederações tenebrosa, com direito a empatar com o Canadá e perder para a Austrália. Fomos eliminados das Olimpíadas por Camarões, sendo que os camaroneses estavam com dois jogadores a menos.
O ciclo começou com Wanderley Luxemburgo como técnico, mas ele acabou implicado em investigações que mostravam que ele se chamava Vanderlei e o mau resultado olímpico levaram a sua demissão. Para o seu lugar apareceu Emerson Leão, que tentou promover uma revolução convocando Leomar e alçando-o ao posto de capitão. Resultados terríveis trouxeram o copeiro Felipão, que perdeu de Honduras e sofreu nas eliminatórias, mas conseguiu a classificação.
Para piorar os adversários pareciam inalcançáveis. Argentina e França jogavam um futebol espetacular. Espanha e Itália estavam fortes. Inglaterra e Portugal tinham equipes promissoras. Sonhar com o título era um devaneio.
Pois bem, a Copa começou e a Argentina caiu no grupo da Morte, sendo abatida por Inglaterra e Suécia. A França viu o então melhor do mundo, nosso carrasco Zidane, se machucar na véspera do torneio e ele mal conseguia andar em campo na única partida que fez. Portugal, Espanha e Itália foram operados sem anestesia por juízes dispostos a favorecer a Coreia do Sul.
Ao Brasil, restou vencer os fregueses ingleses e o pior time da Alemanha de todos os tempos para conquistar o penta. (Sim, a Alemanha chegou na final da Copa vencendo Arábia Saudita, Camarões, Paraguai, Estados Unidos e Coreia do Sul).
Para melhorar para o nosso lado, Ronaldo ressurgiu das cinzas, Rivaldo foi decisivo e o time inexperiente mostrou um brio incontornável ao longo da disputa. Deu tudo absolutamente certo. (Até a contusão do capitão Emerson na antevéspera do torneio e seu corte proporcionaram a titularidade ao Kleberson, que durante 15 dias e apenas durante esses 15 dias, foi o melhor volante do mundo).
Enfim, Cafu declarou seu amor a Regina (que não foi eterno, visto que se separaram), Vampeta desceu a rampa do Palácio do Planalto e a história estava feita.
Depois disso, navegamos em águas tranquilas. Chegamos em 2006 praticamente imbatíveis até sermos subjugados por Zidane. Em 2010 as eliminatórias foram um passeio, mas a primeira dificuldade destruiu o psicológico do time. Em 2014 humilhamos a Espanha na Copa dos Confederações e encaramos um 7x1. O ciclo e meio sob o comando do Tite foi tão tranquilo que chegou a ser chato, terminando em burocráticas derrotas para Bélgica e Croácia.
O Plano
Neymar é o novo craque corrompido por lesões - talvez por uma vida extracampo um pouco mais agitada do que o aconselhado para um atleta profissional. Neymar também encarna os problemas físicos de Rivaldo. E Neymar ainda encarna o Romário, aclamado como novo Messias para liderar Vini Júnior e uma multidão de Brunos Guimarães que atuam no meio de campo.
O ciclo começou com Ramon Menezes no comando, em uma tentativa de emular a experiência interina permanente de Lionel Scaloni na Argentina. Bastaram dois jogos para ver que não ia dar certo e chegou Fernando Diniz, em uma experiência de gestão compartilhada temporária com o Fluminense. A experiência terminou antes que o previsto e veio Dorival Júnior, de bons trabalhos em clubes. Durou um ano e três meses.
O caos completo ainda não chegou. Em breve deveremos perder algum amistoso contra Honduras e precisamos torcer para o Athletico-PR revelar um volante que chegará ao seu auge em julho de 2026. Neymar talvez precise se recuperar dos joelhos e mesmo assim ser ignorado pelo técnico, dando oportunidade para um novo lesionado aparecer.
A Argentina pode cair num grupo da morte - vai que a Jordânia tem uma seleção brilhante. Mbappé pode se lesionar. Espanha e Alemanha podem ser abatidos por juízes amigos dos americanos. Só nos restará no final uma desacreditada seleção Italiana para conquistar o hexa.
Confiem em Ednaldo, vejam se essa carinha não está pensando em planos mirabolantes.
Comentários