Balanço das Olimpíadas 2024

Sem mais delongas, vamos lá.


Holandesas voadoras
No primeiro e no último dia do atletismo, o mundo foi surpreendido por arrancadas estonteantes de atletas holandesas. Primeiro foi Femke Bol que ultrapassou quatro adversárias em pouco mais de 100 metros para dar uma vitória incrível no revezamento. Depois foi Sifan Hassan, que conseguiu um fabuloso sprint final para ganhar a maratona olímpica, contando até com uma trombada na adversária. Juntando-as a Max Verstappen, podemos compreender que a Holanda é a terra da velocidade.

Cuidado com a vara (é pior do que cenoura)
O salto com vara rendeu momentos inesquecíveis nos jogos. Durante a fase classificatória o francês Anthony Ammirati, provavelmente empolgado por competir em casa, acabou derrubando a vara com seu pênis. Fica o alerta para não competir com ereção, ou usar cuecas mais justas na próxima vez.


Depois, durante o decatlo o estoniano Karel Tilga acabou não utilizando as técnicas necessárias e terminou seu salto estatelado no chão, caindo de costas para trás. Por fim, o sueco Mondo Duplantis bateu o recorde mundial da prova com incríveis 6,25. Saiu correndo empolgando e tacou um beijo na namorada, que provavelmente o impediria de conseguir uma marca maior, como mostrou o francês.

Hoje é dia de Ana Sátila
A brasileira Ana Sátila se tornou uma das grandes estrelas da competição, graças a sua incrível persistência. Chegando até as fases finais de todas as provas em que estava inscrita, Sátila caiu na água em torno de 13 de vezes, em uma das provas mais insanas que existem, que consiste em remar contra a correnteza para contornar obstáculos. Uma das provas, aliás, foi a estreia do caiaque cross nas Olimpíadas. Um negócio completamente alucinado, com pessoas tendo que dar cambalhotas dentro do barco, atletas tentando se atrapalhar e uma sensação de que não há como garantir quem vai vencer esse negócio.

Billal em êxtase 


Na Cabeça do Billal
O boxeador francês Billal Bennama conquistou a medalha de prata na categoria até 51 quilos. Ele sofreu muito nas lutas: o tempo todo batiam na cabeça do Billal. Mas, o Billal foi firme, derrubou os seus adversários, aproveitando o fato de que o Billal era maior, mas sua saga terminou na final. Um lutador uzbeque acertou a mão no Billal, que terminou um pouco machucado. Pena que ele não lutou no Brasil. A torcida brasileira iria empurrar o Billal até o topo.

Have a Little Break
Os jogos de Paris marcaram a estreia do Break Dance nas Olimpíadas. Foi muito difícil não ter preconceito contra a disputa, principalmente depois da apoteótica estreia da australiana Raygun, que fez passos excêntricos, enfim, parecia uma pessoa em surto alucinógeno no meio da disputa. Foi difícil acreditar que dentro do competitivo mundo olímpico ela tivesse conseguido mostrar atributos suficientes para a disputa. Talvez ela fosse uma infiltrada tentando mostrar o ridículo do esporte? Talvez melhor pensar assim.
Desde o lendário nadador Eric Moussambani, ninguém ficava tão famoso por ser ruim nas Olimpíadas


Turco Atirador
O tiro esportivo tende a ser a modalidade mais insignificante das olimpíadas. Ninguém se interessa muito em ver uma dúzia de caras armados atirando e suas inúmeras modalidades com tipos diferentes de armas. No entanto, o tiro ganhou o estrelato olímpico graças ao contraste proporcionado por Yusuf Dikec. Enquanto seus competidores entravam nos estandes de tiro com roupas espalhafatosas, protetores de olhos e ouvidos, Yusuf tinha apenas sua arma e seu visual comprado na Riachuelo. Ganhou medalha de prata e deu grandes declarações, como a em que disse não precisar de nenhum equipamento, afinal, ele é um atirador natural. Ou de que sua aparente calma escondia uma tempestade interior. Em um mundo ideal, Dikec sairia dos Jogos para estrelar um filme estilo Desejo de Matar e seria o novo Charles Bronson.

Você é a doença, eu sou a cura

Brasil x Japão
Bem, sei que nós perdemos umas lutas no judô, perdemos no futebol, no badminton. No skate ficamos atrás dos caras. Levemos ferro no rúgbi duas vezes, um brasileiro perdeu para um japonês no surf. Enfim, estivemos a um passo de um conflito diplomático, mas depois disso o Gabriel Medina deu o troco nas ondas, vencemos no basquete e no vôlei e, enfim, tudo se estabilizou. E se vocês querem saber, nossos maiores algozes no torneio foram os franceses e estadunidenses.

Estreantes
A Albânia conseguiu suas duas primeiras medalhas olímpicas na história. Eles eram o país a mais tempo competindo sem ganhar nada. Cabo Verde, Dominica e Santa Lúcia também ganharam suas primeiras medalhas, Santa Lúcia a de ouro, inclusive. Botsuana, Dominica e Guatemala também levaram medalhas douradas para casa pela primeira vez. Grandes façanhas para países que você provavelmente nem lembrava que existiam.

País da porrada
A grande surpresa do quadro de medalhas foi o Uzbequistão. Conquistaram oito medalhas de ouro (quase igualando as 10 que tinham em toda a história) e 13 no total. Mas o que chama a atenção são as modalidades que garantiram as conquistas:
5 medalhas de ouro no boxe (uma delas socando o Billal).
3 medalhas, sendo uma de ouro no judô.
Duas medalhas, sendo uma de ouro no taekwondo.
Duas medalhas, sendo uma de ouro na luta livre.
Uma medalha de prata no levantamento de peso.

Sim, o Uzbequistão é o país da porrada. Caso você esteja pensando em visitar o Uzbequistão, evite contratempos, discussões e desentendimentos com a população local. Peça sempre desculpas e, se possível, corra rápido.

Por falar em porrada, foi lindo ver Imane Khalif levar o ouro contra todas as fake news.


DJ de Ouro

O clima esquentou na final do vôlei de praia feminino. Após a canadense Brandie atacar uma bola para fora, no último set, a brasileira Ana Patrícia deu uma encarada nela, que não gostou. O bate-boca cresceu na rede, o juiz desceu para tentar contemporizar os dedos na cara e, quando as coisas começaram a apaziguar o DJ da arena mandou Imagine do John Lennon. E ainda fez todo mundo cantar junto: Imagine all the people, living life in peace. As jogadoras riram, o público riu, todo mundo riu e bateu palmas para o DJ, que merecia uma medalha de ouro por sua perspicácia. No fim, os brasileiros riram ainda mais com a vitória e o topo do pódio.

E é isso, voltamos em Los Angeles 28, onde os jogos vão ver a estreia da corrida no asfalto, skate no asfalto e estacionamento acrobático.

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