Guia Cotidiano

Quem acompanha este blog, já deve ter se informado sobre a falsa glamourização da vida do jornalista. Ao contrário do que mostram filmes e novelas, jornalistas não vivem em eventos sociais, tomando bons drinques. Isso até acontece de vez em quando, mas geralmente o profissional da imprensa está esperando por algum acontecimento que o obriga a ficar sóbrio e só comer uns salgadinhos de vez em quando.

A espera, afinal, é um elemento presente na vida do jornalista. Boa parte da vida útil dele será desperdiçada em salas de espera, enquanto espera o resultado de uma reunião importante, de alguma informação de bastidor, principalmente para aqueles que cobrem política. Assim sendo, a sala de espera por vezes é um segundo lar.

Foi por isso que anos atrás eu tive a ideia de criar uma espécie de Guia de Salas de Espera da Região Metropolitana de Cuiabá. Jornalistas de toda a cidade seriam convocados a avaliar uma série de fatores referentes ao ambiente: qualidade e quantidade de cadeiras, temperatura ambiente, disponibilidade de água ou café, simpatia das atendentes. A partir dessa avaliação, seria feito um ranking de salas de espera e as melhores não ganhariam dinheiro nenhum, além da honra e da fama. Seria algo para se anunciar no Facebook até.
Dá pra ver, de cara, que o ar-condicionado é capaz de congelar quem senta no sofá embaixo dele

Nada pode ser pior do que uma sala com poucas cadeiras. Ou com cadeiras desconfortáveis, ou em que a temperatura ambiente seja capaz de matar alguém de hipotermia. Nada pior do que oferecer isso para os chamados formadores de opinião.

O Guia de Salas de Espera talvez não pareça muito útil para a vida da maioria das pessoas, mas ele poderia ser estendido para outras áreas, criando uma espécie de TripAdvisor da vida cotidiana. Afinal, todo mundo já sabe ou consegue saber onde se vende uma coxinha gostosa, um bom capuccino. Mas, ninguém sabe onde encontra um bom banheiro, algo que é muito mais importante.

Não tem jeito, todos nós estamos sujeitos a sofrer com algum problema intestinal vez por outra. Às vezes isso vai acontecer quando você estiver na rua e você acaba em um banheiro fétido, praticamente uma filial do inferno. Banheiros sem papel, sem tampa na privada, sem sabonete, transbordando até a boca de merda. Isso sempre pode acontecer e isso proporciona sofrimento em dobro.

As pessoas poderiam dar notas para os aspectos que importam em um banheiro, informando inclusive se ele é gratuito, privativo, ou se você precisa chorar e ameaçar se cagar nas calças para utilizá-lo. Teríamos os melhores banheiros de uma determinada região, de uma cidade. O melhor banheiro do Brasil. Onde cagar será sempre um prazer. Bateu a vontade? Clica no KeBrando e veja onde se aliviar nas redondezas. Em uma evolução, o ranking poderia ser feito para banheiros em estrada, um velho desafio do ser humano. Algum logaritmo calcularia o melhor custo benefício para uma parada.

O ranking seria elaborado em um determinado prazo, acredito que anualmente, para acompanhar a evolução da qualidade dos banheiros. Lembro que quando o novo terminal do Aeroporto Marechal Rondon foi inaugurado, ali poo 2006, seus banheiros eram reluzentes e perfeitamente limpos. Atraiam visitantes e masturbadores compulsórios de toda a região. Naquela época eu diria que era um dos melhores banheiros do Brasil, mas hoje em dia essa afirmação estaria longe de ser verdadeira.

O ranking de banheiros seria um aliado do cidadão e estimularia a higienização dos WCs. Do que adianta servir um mate gelado delicioso, se o banheiro precisa ser evitado? Se para utilizar o vaso é preciso manter uma distância de 30 cm, para não correr o risco de respingar merda na sua canela? De nada adianta.

Outros itens poderiam ser avaliados também, porque não? Os caixas de supermercado mais atenciosos, as melhores vagas de estacionamento da região e por aí vai. A vida do cidadão seria muito melhor.

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