O Papa é Punk

Jorge Bergoglio, cidadão argentino conhecido mundialmente como Papa Francisco é uma figura muito interessante. Não dá para negar que desde que ele foi escolhido como sumo pontífice, a Igreja ganhou um novo destaque, um novo ânimo, um novo interesse. Se na época em que o cardeal Ratz Bento 16 estava no comando ninguém nem se lembrava da existência de uma instituição milenar em Roma, com o velho Chico a história mudou.

O papa apareceu com falas mais ponderadas sobre diversos dogmas e polêmicas que envolvem o catolicismo. Ele não quer que os homossexuais sejam queimados em praça pública, não quer o apedrejamento de ateus, disse que os cachorros vão para o céu e, se bobear, até liberou o sexo antes do casamento e uma punhetinha aqui e ali, porque afinal, ninguém é de ferro.

Francisco é uma pessoa muito mais interessante do que a instituição que ele representa. Assim como acontecia com Eduardo Jorge em relação ao Partido Verde. Se a Igreja é uma organização de passado controverso, que contribuiu para carnificinas ao redor do mundo, contribuiu para institucionalizar o terror na Idade Média e controlar a população por meio da ignorância, se fechou os olhos para genocídios, o papa Francisco não é nada disso. Parece ser um senhor gente boa, alguém com quem seria muito legal bater um papo numa mesa de bar, ou na fila do pão do supermercado. Um cara bacana.

Mas, toda boa vontade do mundo tem limites. Em uma de suas últimas declarações que repercutiram – quase todo dia o papa fala alguma coisa que vira manchete -, Bergoglio se manifestou sobre o atentado contra a redação do jornal francês Charlie Hebdo – aliás, que puta nome escroto para um jornal, não é mesmo? – Chico condenou a chacina, mas disse que a liberdade de expressão não dá ninguém o direito de ofender a fé alheia. Concluiu dizendo que, se por um acaso, alguém ofender a mãe dele, o papa reagiria com um soco na cara.

A questão aqui não é a discussão sobre ofensas a fé, o que renderia um post inteiro e um atentado sanguinário na redação do CH3. Mas do papa, não se espera uma reação tão virulenta a qualquer questão. Geralmente nós esperamos aquelas baboseiras de oferecer a outra face e tudo mais. Jamais um soco na cara.
Se pudesse, o papa mostraria outro dedo

Senhoras e senhores, o papa é punk. Não, o papa não é pop como prega aquela música cafona dos Engenheiros do Hawaii que todo mundo resgata a cada declaração legalzinha de Bergoglio. O papa não é um cara que escuta Madonna, Lady Gaga, Michael Jackson, Justin Timberlake e que acompanha os lançamentos da NME. O papa é fã de Sex Pistols, Ramones, The Clash. Deve ter um pôster da capa de London Calling na cabeceira da sua cama.

O papa é fã de The Who e de outras músicas de homem. Ele sabe que toda diplomacia tem limites e na sua televisão não passa nenhuma comédia romântica. No mínimo ele assiste filmes do submundo do tráfico e tem os DVDs do Rambo em sua prateleira. Em algum momento ele já usou um moicano e deve ter ficado entediado com essas roupas brancas que ele tem que usar o tempo todo. Podemos até imaginar que com 40 anos ele participava de rodas punks na periferia de Nova York.

O papa é punk, o papa é foda.

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