Perdidos!

Não, esta não é uma versão brasileira Herbert Richards* para o seriado lost.

No seriado as pessoas estão perdidas numa ilha. E lá elas viagem no tempo entram em túneis siderais, fumam maconha e praticam o amor livre. Bem, não, na verdade o festival de Woodstock não aconteceu na ilha de lost. Ou não que eu saiba. Esse seriado é uma coisa muito complexa para mim.

Mas a questão mesmo é... estar perdido. É uma sensação deveras desagradável. A sensação de não se ter a menor idéia da onde é que você está. Todo mundo já esteve perdido alguma vez na vida. Alguns acabaram se perdendo por toda a eternidade.

Recentemente, por exemplo, eu fui a um chá de panelas de um amigo não identificado que irá se casar. O evento aconteceria em Várzea Grande. Para chegar até o local, o noivo mandou informações. Entra a esquerda na padaria, passa uma ponte e depois do segundo quebra-molas entra a esquerda.

Tudo OK. Aquela sensação de que felizmente você está no lugar certo. Passei o segundo quebra-mola e pronto! Entrei à esquerda. E dei de cara com um rancho, o cavalo alegre, que fica no fim da pista do aeroporto. Perguntei para o rancheiro se ele conhecia o lugar onde eu deveria ir. Ele disse que não. Perguntei para um pastor na rua e ele me informou que era na próxima à esquerda.

Voltei para a rua principal esperando a próxima a esquerda. Mas não existia próxima entrada a esquerda. Logo após aquela rua começava uma estrada, que mais tarde descobrir ser a Estrada do Engordador. Completamente escura, cercada de mato e sem acostamento. Não havia hipótese para que eu retornasse. Só me restava a alternativa de seguir em frente. Até achar um lugar para voltar. Se ele lugar não existisse eu acabaria parando na ponte Sérgio Motta depois de contornar todo o Rio Cuiabá.

Mas eu não sabia disso. Segui em frente até achar uma pequena comunidade com uma pequena rua. Notei que não havia pastéis e logo concluí que essa comunidade não era Jangada. E como não havia putaria, logo não era Livramento e também não era carnaval. Pela falta de maconha e sexo livre não era Woodstock. Na verdade tratava-se do bairro Costa Verde.

Fiz o retorno voltei ao lugar do segundo quebra-mola até descobrir que o problema na verdade é que eu devia ter entrado à DIREITA. Sim, direita. Todas as pessoas confundiram os lados. Se eu tivesse entrado à direita, logo teria encontrado o lugar.

Também me lembro de ter ficado perdido no interior de São Paulo em busca de um sítio. Sei de pessoas que ficaram perdidas na avenida dos Trabalhadores. Ficar perdido é uma sensação estranha. De que você irá ficar eternamente ali e morrer de velhice em um lugar desconhecido. Ou então se submeter a humilhação de ligar para alguém e falar “estou perdido, não sei aonde estou”.

E você, quando esteve perdido?

*Fica assim também a homenagem do CH3 a este grande homem que ninguém sabia que existia de verdade, mas que morreu deixando um profundo vazio em nossas vidas. E nossas condolências a Carlos Álamo e John Marshmellow, os sobreviventes do mundo dos dubladores.

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