O boletim de ocorrências da delegacia de São Bernardo do Campo do último dia 22 de novembro relatava algo como: “As 21 horas uma viatura foi chamada até a Uniban para que pudesse retirar em segurança uma mulher de 20 anos que estava sendo hostilizada por outros indivíduos”.
Esse é o caso da estudante de turismo da Uniban, Geysi Arruda, que ao ir a faculdade utilizando um vestido rosa provocou uma rebelião entre seus colegas. Segue o relatório “muitos indivíduos se direcionaram até a sala onde a estudante estava para gritar palavras ofensivas”.
Não há dúvida de que o vestido utilizado por Geysi era curto, provocante e quiçá inapropriado para se freqüentar uma universidade. Ela poderia ter ido de calças jeans? Poderia.
Mas é fato também que no mundo em que eu conheço, eu jamais vi algo parecido. Se na faculdade onde eu estudei alguma garota fosse vestida assim, o máximo que aconteceria seria olhares indiscretos. Talvez alguém se excedesse no olhar e chegasse a fazer um comentário como “shhhh ah lá em casa!”. Mas provavelmente o autor do comentário seria mais recriminado do que a que o provocou. Conversando as pessoas ainda poderiam comentar "que roupa de puta".
Imagino que se Geysi passasse em frente a uma construção cheia de pedreiros abstêmios, ela receberia comentários maldosos e seria estuprada com os olhos. Mas não imagino que os pedreiros puxassem um coro de “puta, puta, puta”. Aliás, não imagino uma cena do cotidiano em que isso possa acontecer.
Já vi no colégio, e já participei assim como todos os homens de hoje em dia, dos coros de “bicha, bicha, bicha”. Já vi no jornal notícias de pessoas que cercaram bandidos. Já li notícias de mulheres linchadas na Arábia Saudita por terem olhado para um homem casado. Mas nunca vi nada relacionado a brados de puta na nossa sociedade democrática. É até meio difícil imaginar isso em uma faculdade, lugar de uma minoria.
As prostitutas estão em todos os lugares. E pode parecer que não, mas várias tem uma vida normal. Elas fazem compras, algumas estudam. Não imagino um grupo de clientes chamando uma menina de short curto de puta. Nem imagino pessoas se organizando para ir as zonas de meretrício para hostilizar prostitutas verbalmente. Mas, imagino até que muitos dos homens participantes dessa manifestação já fizeram uso dos serviços de garotas de programa.
Mas a cena é realmente surreal. As imagens mostram a menina entrando na sala já sobre os gritos de puta. E na seqüência uns... trezentos, talvez, alunos correm em direção a sala, abrem janelas. Tudo para o que? Para chamar Geysi de puta. É irreal imaginar que a vontade de chamar alguém de puta fosse tão grande assim.
Não sei se a Uniban é a Esparta brasileira. “Minissaia? Isso é a Uniban! Voadora no peito”. Ou se eles são uma espécie de Inquisição Espanhola. Casal andando de mãos dadas são agredidos verbalmente. Casais que se beijam são obrigados a se casar. Um ambiente de constante vigília e punição.
E então trezentas pessoas filmam uma cena patética e agressiva. Onde entre outras coisas dá pra escutar “ih, ali, ela tá chorando! Dane-se! Puta! Puta!”. Colocam isso no youtube, talvez orgulhosos. As pessoas assistem a cena e pensam “que bizarro, isso não faz sentido”. E os alunos se revoltam com a repercussão do caso. Queriam que seus atos Inquisidores passassem desapercebidos. Então, era mais fácil não filmar e não colocar no youtube.
Depois os alunos voltaram as aulas, com nariz de palhaço. E muitos ainda diziam “ela mereceu mesmo!”. É quase como aquela história “ela sabe porque foi estuprada”.
Esse é o caso da estudante de turismo da Uniban, Geysi Arruda, que ao ir a faculdade utilizando um vestido rosa provocou uma rebelião entre seus colegas. Segue o relatório “muitos indivíduos se direcionaram até a sala onde a estudante estava para gritar palavras ofensivas”.
Não há dúvida de que o vestido utilizado por Geysi era curto, provocante e quiçá inapropriado para se freqüentar uma universidade. Ela poderia ter ido de calças jeans? Poderia.
Mas é fato também que no mundo em que eu conheço, eu jamais vi algo parecido. Se na faculdade onde eu estudei alguma garota fosse vestida assim, o máximo que aconteceria seria olhares indiscretos. Talvez alguém se excedesse no olhar e chegasse a fazer um comentário como “shhhh ah lá em casa!”. Mas provavelmente o autor do comentário seria mais recriminado do que a que o provocou. Conversando as pessoas ainda poderiam comentar "que roupa de puta".
Imagino que se Geysi passasse em frente a uma construção cheia de pedreiros abstêmios, ela receberia comentários maldosos e seria estuprada com os olhos. Mas não imagino que os pedreiros puxassem um coro de “puta, puta, puta”. Aliás, não imagino uma cena do cotidiano em que isso possa acontecer.
Já vi no colégio, e já participei assim como todos os homens de hoje em dia, dos coros de “bicha, bicha, bicha”. Já vi no jornal notícias de pessoas que cercaram bandidos. Já li notícias de mulheres linchadas na Arábia Saudita por terem olhado para um homem casado. Mas nunca vi nada relacionado a brados de puta na nossa sociedade democrática. É até meio difícil imaginar isso em uma faculdade, lugar de uma minoria.
As prostitutas estão em todos os lugares. E pode parecer que não, mas várias tem uma vida normal. Elas fazem compras, algumas estudam. Não imagino um grupo de clientes chamando uma menina de short curto de puta. Nem imagino pessoas se organizando para ir as zonas de meretrício para hostilizar prostitutas verbalmente. Mas, imagino até que muitos dos homens participantes dessa manifestação já fizeram uso dos serviços de garotas de programa.
Mas a cena é realmente surreal. As imagens mostram a menina entrando na sala já sobre os gritos de puta. E na seqüência uns... trezentos, talvez, alunos correm em direção a sala, abrem janelas. Tudo para o que? Para chamar Geysi de puta. É irreal imaginar que a vontade de chamar alguém de puta fosse tão grande assim.
Não sei se a Uniban é a Esparta brasileira. “Minissaia? Isso é a Uniban! Voadora no peito”. Ou se eles são uma espécie de Inquisição Espanhola. Casal andando de mãos dadas são agredidos verbalmente. Casais que se beijam são obrigados a se casar. Um ambiente de constante vigília e punição.
E então trezentas pessoas filmam uma cena patética e agressiva. Onde entre outras coisas dá pra escutar “ih, ali, ela tá chorando! Dane-se! Puta! Puta!”. Colocam isso no youtube, talvez orgulhosos. As pessoas assistem a cena e pensam “que bizarro, isso não faz sentido”. E os alunos se revoltam com a repercussão do caso. Queriam que seus atos Inquisidores passassem desapercebidos. Então, era mais fácil não filmar e não colocar no youtube.
Depois os alunos voltaram as aulas, com nariz de palhaço. E muitos ainda diziam “ela mereceu mesmo!”. É quase como aquela história “ela sabe porque foi estuprada”.
Comentários
Andreza
Moh tempo que - infelizmente - não leio seu blog, sem tempo mesmo,
Vi que tem mudado seu estilo né, mas não seu brilhantimos em escrever, isso sempre continua.
Tem elaborado textos críticos e parciais, achei muito interessante, muito bom mesmo.
Talvez você venha escrevendo assim desde que inaugurou o blog e eu não tenha notado, bom, de qualquer forma, parabéns!
Abraços e sucesso meu caro.
Luis Marcelo