Debate Filosófico (ou Econômico): Retaliação



Este ano da graça de 2025 tem sido marcado por um impressionante experimento sociológico que consiste em ver como um psicopata imbecil atua comandando uma grande potência econômica lotada de cidadãos igualmente detestáveis. Uma experiência também econômica, uma vez que a principal atuação do Big Orange Guy of America (BOGA) é colocar tarifas de importação sobre produtos de países dos quais ele tem algum tipo de aversão.

Nas últimas semanas o Brasil ganhou destaque nesta política econômica heterodoxa, motivado pela tentativa do BOGA em incentivar um golpe de Estado por aqui. O assunto tem movimentado todas as principais redações jornalísticas do Brasil, debates em redes sociais e, é claro, a famosa Opinião Pública e sua antiga aliada, a Sociedade Civil Organizada.

O CH3, é claro, não poderia se ausentar desta discussão e para isso organizou um Grande Debate Filosófico, ou Econômico, sobre o tarifaço, suas repercussões e prováveis retaliações. O espaço multiuso de nossa sede ficou lotado com uma plateia formada por ministros de Estado, economistas, advogados, terapeutas ocupacionais e psicopedagogos. Desta vez não foi montada uma mesa de honra, porque a nossa mesa foi severamente atingida por cupins. Além disso, a necessidade de se levantar no meio do público e precisar gritar, podendo ser atingido facilmente por copos de água ou morangos do amor parcialmente mastigados acabaram por trazer todo um charme para o encontro.

Coube ao Tackleberry fazer uma breve introdução ao assunto. Aproveitando uma pausa ou outra para fechar dezenas de contratos de instalação de placas de energia solar, Tackleberry levantou o cerne da questão: como fica o brasileiro diante da insanidade alheia? Como deve reagir o nosso país? Devemos retaliar de alguma forma?

O primeiro a pedir a palavra foi o ex-primeiro ministro da Grã Bretanha, Winston Churchill que falou da importância de manter a união in the darkest hour. Ele acabou interrompido pela dançarina Carla Perez que disse não entender qual é exatamente a importância de permanecer unida na madrugada. Além disso, disse Carla, para ela parece que todos os horários ali entre 9 da noite e 4 da manhã parecem igualmente escuros. Como fazer essa diferenciação?

Após uma breve discussão entre Albert Einstein e Isaac Newton sobre o assunto, a palavra retornou para o economista Paulo Guedes que falou que o que precisava ser taxado era a pobreza. Ele também disse que o tarifaço seria bom para a economia, por trazer mais dificuldades principalmente para os pobres. E ainda mais para os pobres e velhos, o que consequentemente seria bom para a previdência. “Não vai ter mais velho pobre nem em Cachoeiro de Itapemirim, porra”.

A preparadora de elenco Fátima Toledo se levantou e propôs uma dinâmica de grupo, para avaliar quais produtos deveriam ser taxados em retaliação aos norte-americanos. Segurando uma bola de beisebol, ela disse que iria falar a primeira palavra que viesse à sua cabeça e jogaria a bola para outra pessoa na plateia. Essa pessoa deveria falar outra palavra e jogar a bola. Dessa forma chegaríamos a uma lista de coisas norte-americanas que precisariam ser tachadas.

Antônio Tabet questionou o método, mas o jornalista Gerson Camarotti afirmou que tem informações de dentro da Casa Branca de que essa foi a maneira encontrada pela administração Trump de definir os produtos que seriam taxados. Fátima então disse "aeronaves" e jogou a bola para o também jornalista Merval Pereira. Após um pouco de hesitação e já na mira do olhar impaciente de Fátima, ele disse "o bilau do Lula".

Fátima Toledo então se aproximou de Merval e perguntou se ele realmente achava isso uma boa ideia. Merval retrucou que aquela havia sido a primeira coisa que veio à sua cabeça. Fátima repetiu a pergunta de maneira um pouco mais ríspida. Merval confessou que não tem culpa, que ele pensa sobre isso todos os dias. Fátima então pegou o bastão de beisebol e acertou Merval, que caiu desacordado. Ela então olhou para todos à sua volta e disse. "Eu quero a verdade de vocês". Ela novamente jogou a bola, mas as pessoas que estavam na direção dela começaram a correr para fugir da interação.

Tackleberry agradeceu a dinâmica, mas interrompeu lembrando que havia mais assuntos a serem tratados. Felizmente, Tackleberry estava trajando sua armadura medieval, o que tornou os golpes de bastão de beisebol improdutivos, levando Fátima Toledo a deixa o recinto, sem não antes atingir Pablo Marçal nos testículos.

O vice-presidente Geraldo Alckmin, trajando uma meia de aeronaves da Embraer avisou então que um importante emissário enviado aos Estados Unidos para verificar a situação e trazer algumas propostas estava chegando neste exato momento, após ter saltado de paraquedas sobre Cuiabá para encurtar o trajeto do voo Nova York - São Paulo (Guarulhos).

Meio esbaforido o emissário chegou a sala carregando uma mala e foi perguntado por Geraldo Alckmin se ele já havia avaliado as maneiras de retaliar Trump. Ao que o emissário falou que já havia feito isso. Sua resposta gerou espanto da plateia que quis saber como ele havia conseguido retaliar outro país de maneira autônoma. O cidadão então abriu a sua mala e despejou o conteúdo no chão mostrando membros superiores e inferiores além de outros órgãos de cor alaranjada perfeitamente fatiados, chocando todos os presentes. 

- Aqui está, eu já retalhei o Trump!
- Eu falei retaliar e não retalhar! - Bradou o vice-presidente.

Ao que todos riram do grave incidente diplomático e montaram um gabinete de crise para lidar com a situação.

Diante do inusitado, Tackleberry encerrou o debate, sem não antes cobrar uma taxa de inscrição de cada um dos presentes, taxa esta que não fora combinada, mas que servirá para manter Tackleberry nas Bahamas durante mais alguns anos. “Nunca mais eu vou comer sushi”, finalizou Tackle.

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