As Fobias do Casamento

A junção mais frequente as palavras “casamento” e “fobia” costuma a ter o homem como ator principal. O cidadão que sempre teve medo de casar, enrolou o quanto pode antes do matrimônio, vibrou quando a namorada não conseguir pegar o buquê no casamento de uma amiga e quando o matrimônio se tornou inevitável, ficou até a última hora no altar com cara preocupada, pensando nas possibilidades de uma fuga cinematográfica.

O casamento, as pessoas talvez não saibam, é um processo recheado de medo. O medo de escolher um lugar ruim, de a comida estar estragada no dia, de que uma chuva bíblica caía sobre a cidade, alague ruas, derrube a rede elétrica, isole a cidade e que os noivos terminem isolados em um altar qualquer da cidade, abandonados ao próprio destino. Que todas as fotos queimem. Que aconteça um apocalipse qualquer, são muitas as possibilidades.

Para piorar, ao longo de todo o processo os noivos sempre estarão cercados por pessoa que dirão que não vai dar certo. Vai dar tudo errado. Vai cortar as unhas no dia do casamento? Não faça isso, pode ser que você ampute um dedo por engano. Os agentes incitadores do caos adoram palpitar sobre casamentos.

Há o medo de que os convidados não apareçam, se percam no caminho, sejam abduzidos por naves espaciais reluzentes, ou simplesmente decidam que é melhor ficar em casa assistindo Zorra Total. Há o medo, inclusive, de que uma pessoa muito importante falte pelos mais diversos motivos. Que o responsável pela cerimônia seja atingido por alguma incontinência escatológica. Ou que isso aconteça com o próprio noivo.

Há o medo de que alguém resolva comparecer perante a lei justamente no dia do casamento e que os 47 casamentos e 138 estelionatos do noivo sejam revelados ali, na frente dos familiares. Que alguém pegue uma taça e um garfo, bata o garfo na taça, peça um minuto da atenção de todos e comece a falar. Falar qualquer coisa. Uma piada do Danilo Gentili, a íntegra de Os Lusíadas, o passado obscuro de alguém. Não fale em um casamento, não faça isso.

O medo de que o som estrague. Que alguém tropece e que o casamento seja eternamente lembrado como aquele dia em que a Tia Fulana tomou um tombo e morreu. E se alguém que não foi convidado decide aparecer na festa armado. Sim, tudo há de ser mais dramático. Afinal, as chances de que tudo dê certo são mínimas, é o que as pessoas dizem.

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