A Arte de Parecer Inteligente

O que é a inteligência? De acordo com a Wikipédia, inteligência é a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e aprender. Para um dicionário, inteligência ainda compreende a interpretação, compreensão e o conhecimento profundo de um assunto. O inteligente seria uma pessoa de grande esfera intelectual.
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Na nossa vida leiga, a inteligência é ligada a capacidade intelectual e muda muito de acordo com o meio em que vivemos. Primeiro, o inteligente é aquele que reconhece formas, depois é aquele que sabe ler, aquele que sabe a tabuada do sete, a raiz quadrada de dois, e, por fim, o intelectual é aquele que sabe como parecer um intelectual.

Porque na vida adulta, as pessoas seguem por áreas diferentes do conhecimento. Assim sendo, um mestre em química pode parecer um débil mental para um professor de português. Tal qual um doutor em sociologia pode ser o mais perfeito boçal para um aluno de física. Einstein dividia por zero, mas não conseguia amarrar o cadarço. O Marquinhos que estudou comigo sabia explicar um polissíndeto, mas não conseguia assobiar. Portanto, o negócio é agir no seu meio e cultivar a aparência para reforçar a intelectualidade.

O intelectual médio geralmente está ligado ao modelo francês. Um modelo que envolve o uso de boinas, camisas listradas, cigarros gitanes finos e baforadas em círculo. A intelectualidade era tão levada a sério na França, que ela até virou profissão. Quantas vezes você não viu algo sobre um francês definido apenas como “intelectual”. Paradoxalmente, intelectuais avaliam que a economia francesa entrou em recessão porque as pessoas deixaram de produzir bens para se dedicar apenas ao ócio intelectual.

Outro modelo frequente é o do intelectual de esquerda. Sujeito que tem a barba por fazer, cabelos desgrenhados, utiliza uma bolsa em volta da cintura e se veste como se fosse um beneficiário do sopão em protesto contra a Polícia Militar. Seus métodos são originários do antigo intelectual alemão, extinto no pós-guerra, e dos intelectuais gregos. Todos eternizados na partida de futebol do Monty Python.

De qualquer forma, usar óculos é um item essencial para que você faça um charme de intelectual, como já cantava Herbert Vianna em 1984. Veja que quando Clark Kent coloca óculos ele deixa de ser uma máquina alienígena de matar e passa a ser apenas um jornalista intelectual que faz sucesso com todas as suas colegas de redação.

É preciso prestar atenção no seu vocabulário. Sempre que possível, utilize a palavra “tecnocracia”. Parecerá que você estudou durante anos para realmente saber o significado dessa palavra. “Status Quo” é outra boa pedida. Aliás, expressões originárias do latim te farão parecer um descendente direto de Platão e outros gregos pederastas. Dar a bunda também foi um ato relacionado à intelectualidade durante muitos anos.

É preciso prestar atenção que, por mais que esses conceitos mudem, eles jamais estarão ligados a começar dois parágrafos seguidos com as mesmas palavras. Portanto, você pode dizer que esse texto não é nem um pouco intelectual e é baseado em velhos clichês e costumes preguiçosos. Mas, enfim.

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