Arte Fálica

Certa vez, eu estava andando na rua e percebi um pênis desenhado na rua. Instintivamente e sem perceber, desviei para não pisar sobre o desenho fálico. Lembrei-me dos tempos de colégio, em que era normal ter pintos desenhados sobre as cadeiras e sentar sobre uma das pirocas era uma prova irrefutável da sua homossexualidade. Era quase uma relação sexual. Fosse o desenho feito com caneta, estilete ou corretivo.

Parei sobre a calçada e comecei a observar. Percebi então que todos que por ali passavam, desviavam do caralho, ali exposto, esplendido em 40 centímetros de errorex. Todos fingiam que sequer haviam olhado tal arte pornográfica.

Pensei então no porquê os desenhos de picas causam tamanha repulsa. Seriam eles uma espécie de imagem cultuada? Uma imagem sacrossanta? Ninguém encosta, todos fingem não terem percebido. É como se o desenho de uma jeba, ali, singelo e parado no cimento, fosses um crime de atentado ao pudor. “Não olhe para o pênis”, poderia ser o aviso de uma placa.

Seria difícil entender porque uma lepa desenhada provoca as reações citadas. Talvez seria uma boa tese de mestrado, quiçá doutorado. Anos de observação, pesquisa, entrevistas e todos os procedimentos chatos que se fazem necessários para realizar um trabalho científico que agrade a academia.

Mas, tal reação explica o fascínio que a rola exerce sobre a humanidade. Explica porque tantos artistas adoram fazer tais desenhos, mesmo que eles não tenham nenhuma função que não seja a de chocar. É provável é claro, que, assim como todo e qualquer fato que envolve nossa humanidade, isso já tenha sido explicado por Freud.

É normal na arte contemporânea que lá esteja, num desenho de natureza morte ou num retrato ou numa arte expressionista, lá esteja uma benga desenhada, disfarçada de qualquer coisa. Que o pau esteja numa maçã, refletido nos olhos da Mona Lisa, no céu do Rei Leão, na capa da Pequena Sereia, em todas as páginas do seu caderno de matemática.

Deve ser o caminho mais fácil. Você faz um filme horrível, um desenho retardado, um quadro débil. E então coloca lá o cacete no meio. Logo, deixará de ser um lixo e passará para o campo da polêmica. Existirão aqueles que odiarão e falarão “isso é um rabisco com um Bráulio no meio!” e aqueles que acharão a obra genial, devido a controvérsia, a subversão de se desenhar o órgão genital masculino em algum lugar. Chocar as criancinhas, velhinhas, freqüentadoras da igreja do bairro e tudo mais.

E provavelmente funciona. Aposto que você se corou a cada sinônimo de pênis citado nesse texto. Com ele, batemos o recorde mundial de citações diferentes ao referido em um texto de 2500 caracteres.

Comentários

Eduardo disse…
Triste sao os desenhados em banheiros. O sujeito fica ali cagando e desviando o olhar o tempo todo, tentando ler alguma outra frase nova na porta ou na parede do "box".
Aqui tal box foi batizado de "o blog do vigoroso".

E o medo da cadeira da pingola sempre foi maior do que o de qualquer prova de matemática.
Andreza disse…
ahahahahaahha

Meninos são estranhos.E também tinho isso com as meninas nos tempos do colégio. A que sentasse era considerada a perdida da classe.