Monarquia alternativa

A república foi proclamada no Brasil no dia 15 de novembro de 1889 pelo famoso padre e poeta Marechal Deodoro. Antes disso o Brasil era governado no sistema monárquico. Dom Pedro I foi o primeiro imperador e Dom Pedro II foi o segundo. São dessas coincidências que nos fazem acreditar em deus.

A Monarquia é um sistema muito legal, principalmente se você for o rei. Você pode construir palácios, dar um teatro de presente para a mulher, como forma de pedir desculpas e ainda ter um nome que não cabe na lista telefônica. Mas, para o restante da população a existência de um monarca é chata. Geralmente eles são velhos egocêntricos megalomaníacos que querem brincar de administrar um país.

É algo tão ruim, que atualmente existem cerca de 70 monarquias no mundo, e na maioria delas, o rei é apenas uma figura inoperante. Um senhor simpático que usa roupas frescas e comparece a jantares, bailes. O rei ocupa um cargo de recepcionista geral da nação.

Mesmo assim, aqui no Brasil, ainda existe um movimento monarquista. Eles têm um site, que promove eventos monarcas – um evento doentio, cheio de pessoas com hábitos e comportamentos do século retrasado. Você pode não saber, mas o Brasil ainda tem um príncipe. O tatatatatatatatatataraneto de Dom Pedro I, que anda nas ruas de Petrópolis sobre cavalos e as pessoas dizem “olha lá o príncipe”. Alguns aplaudem, outros atiram garrafas. Existe a princesa que faz propaganda de copos da revista Caras. A monarquia é muito ruim, entre outras coisas, porque você precisa fazer um curso superior para entender a ordem dinástica deles, as sucessões, ramos, cargo, genealogia e como tudo isso continua existindo, mesmo que a monarquia não exista mais.

A chamada monarquia oficial não tem muitos adeptos no Brasil. Mas, nós vivemos num regime de monarquia alternativa. Temos em nosso solo tupiniquim, milhares de reis.

Tudo começou com Pelé, o Rei do futebol. Assim como o Rei Roberto Carlos. Temos o Rei do Rádio. Rei da Borracha, Rei do Piso, Rei do Pastel, Rei do Drible, Rei do Boliche, Rei da Pedalada, Rei do Gado, Rainha do Rebolado, Rainha da Sucata, Rei do Suingue. E os seus herdeiros, Príncipe da Pamonha, Princesa do Solimões, Príncipe da Casa do Caralho.

Porque não existe um “Presidente do Samba”? Quem sabe uma “Primeira-Ministra do Bumbum” ou “Chanceler dos Tijolos”?

Tese 1) O povo é nostálgico. Não se faz mais feijão como antigamente, as músicas antigas eram melhores, o povo era mais educado. Hoje, tudo era uma merda. Por isso, bom era no tempo do rei.

Tese 2) Para inaugurar um Presidente da Batata Frita, seria preciso abrir eleições para decidir o nome de quem ocuparia o cargo. Como o rei é um poder hereditário, concedido por deus, você pode ser rei de qualquer coisa. Basta colocar um crucifixo na parede.

Tese 3) O cara acha legal “Rei, rei, soa bem” e resolver colocar lá. Fica mais fácil pra fazer a logomarca, é só colocar uma coroa estilizada sob o nome do empreendimento.

E afinal, que rei sou eu?

Agradecimentos a Eduardo Doria.

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