A Morte

Acontece com todos nós. Chegará um dia em que qualquer um de nós morrerá. Por um lado, é uma tragédia pessoal e familiar. Por outro é uma solução para o mundo. Se as pessoas não morressem, aposto que o planeta Terra seria um lugar bem pior de se habitar. Cada vez mais bocas com fome, mais pessoas no trânsito, mais pessoas querendo o poder.

A morte é a única certeza da vida. Aprendemos logo na primeira série, na primeira aula de ciências que “o ser humano nasce, cresce, estuda pra passar em concurso, se reproduz e morre”. Ok, a parte de estudar para passar em concurso foi invenção minha. Mas o fato é que você pode ser estéril e não se reproduzir. Você pode ser anão e não crescer. Ou, pior. Você pode morrer antes de se reproduzir, ou de crescer. Ou pior ainda, você pode morrer antes mesmo de nascer.

A morte é inevitável.
São tantas as coisas que podem te matar a qualquer momento, desde o segundo em que você foi concebido, que nós deveríamos ser orgulhos em ainda estarmos vivos. Mas, você vai morrer. Não há nada que você possa fazer para evitar que um dia isso finalmente aconteça.

É claro. Você pode tentar evitar uma morte prematura.
Ou uma morte constrangedora. Os piores tipos de morte são aqueles que: 1) Provocam funeral com caixão fechado (Ex: queimado); 2) Dão a noção de que podiam ter sido evitadas (Ex: O paraquedas não abriu. Porque você se meteu a fazer isso?); 3) Constrangem a família (Ex: Caiu do trio elétrico na parada gay); 4) Fazem as pessoas dizer “nossa, que azar” (Ex: Um vaso de plantas caiu na sua cabeça); 5) Todos os itens anteriores (Ex: Atingido por um raio em um motel).

Pessoas morrem o tempo todo. E nossa sorte é que nós não as vemos, o tempo todo. Pessoas morrem no jornal, pessoas morrem na novela, pessoas morrem na internet, pessoas morrem e nós nem sabemos. Uma morte pode virar espetáculo midiático, como a menina Isabella. Também pode ser banal, como os 20 mortos em tiroteio na favela. Pode provocar comoção nacional, igual Ayrton Senna. A morte de um político pode ser desejada. E a morte pode chocar também, igual ao caso da criancinha africana prestes a ser comida por um abutre. E em vários casos, a morte vira uma estatística. Nos acidentes de trânsito, nas vítimas do cigarro, da AIDS e da fome.

Existe um aspecto absolutamente estarrecedor, que é o reconhecimento do corpo. Dia desses assisti um filme em que o pai iria reconhecer o corpo de sua filha. Detalhe é que ele havia presenciado o assassinato dela. Sempre achei que o reconhecimento era necessário apenas em casos de desfiguração.

“Você reconhece essa pessoa?” dizia o médico. A resposta era óbvia. O cadáver não estava maquiado, pintado ou mascarado para que o suspense fosse necessário.

A Morte é também um personagem. Alguém que usa panos pretos e uma foice na mão. Na turma da Mônica era alguém amigável e cheia de piadas para transformar alguém em fantasma (porra Maurício!). No filme do Monty Python ela (ou ele?) se intitulava como o ceifador sinistro e as pessoas não entendiam porque ele (ou ela?) era tão rude. E ok, o assunto morreu.

Comentários

Zoi de Tandera disse…
E como diria Ariano Suassuna em seu épico Auto da Compadecida: "A morte é a única certeza da vida. Ela iguala todos os seres, e nos bota no mesmo barco de condenados" (ou algo assim, sei lá).
Gressana disse…
É, eu na fase de estudar para concursos públicos, mas espero passar por ela o quanto antes. Se bem que às vezes acho que pulei a de crescer.
Enfm, que post mórbido.