Recentemente, o Grupo Globo de Comunicação lançou a GE TV, um canal para fazer transmissões esportivas pelo YouTube. Seguem algumas das aspas corporativas do release que foi divulgado pela Vênus Platinada.
“A GE TV nasce como um canal digital, gratuito, com vocação para estar em todos os lugares, reunindo o melhor do esporte com uma linguagem descontraída, irreverente e conectada com o público”.
“Na equipe, um time com forte conexão com o universo digital, tanto na frente quanto atrás das câmeras. Nos comentários, uma turma apaixonada por esporte e por resenha”.
“Vamos colocar toda a experiência da Globo em transmissões esportivas de alta qualidade a serviço de uma nova experiência para o consumidor que gosta de esporte e também se liga na resenha”.
A primeira e óbvia análise feita pelo inconsciente coletivo é de que a GE TV veio para competir com a Cazé TV, que se transformou em um fenômeno de popularidade utilizando as mesmas palavras-chave: descontração, resenha, experiência, conexão.
Mas a GE TV significa, acima de tudo, a vitória da cultura da resenha esportiva, do esporte como entretenimento, do papo furado sobre qualquer assunto. É uma tendência que provavelmente foi inaugurada pelo Tiago Leifert e vem sendo constantemente expandida. O esporte direcionado para um público que utiliza chinelo adidas com meia e que divide sua atenção entre o jogo e comentários bestas nas redes sociais. Reflexo da cultura da sociedade em que o mais importante não é O QUÊ está acontecendo, mas QUEM está dizendo.
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Não negue: seu sonho sempre foi poder ver André Balada e Fred Desimpedido conversando sobre futebol |
Podemos chamar esse processo de neymarização cultural. Não é à toa que quase todos envolvidos nos projetos de resenha descontraída idolatram Neymar acima de todas as coisas. Do Bruno Formiga, ao próprio Casimiro, eles adorariam viver como parças do Ney e não hesitariam caso tivessem que mamar a rola do atacante santista.
Um dos destaques da GE TV, fato anunciado com comedida vibração no release e desmedido entusiasmo na coletiva de imprensa, foi a liberação do uso de palavrões. Quem assistiu a primeira transmissão do canal, um Brasil x Chile, relatou que os participantes se incentivavam a falar palavrões. Isso enquanto os comentaristas ficam distraídos mexendo no celular enquanto o jogo acontecia e só prestavam atenção quando o narrador começava a gritar (Ok, ele grita muito. Talvez esse seja o motivo). Segundo Bruno Formiga, eles só não podem dar informação errada e cometer crimes durante os jogos.
Pois bem, a briga pela audiência só deve aumentar nos próximos anos - ou mesmo meses, já que o consumidor quer ter uma experiência de entretenimento cada vez mais imersiva. A resenha não pode parar. O CH3 utilizou uma série de elementos mediúnicos para prever como vai ser essa disputa daqui em diante.
- Em dezembro de 2025, durante a Copa Intercontinental, a Cazé TV abole o uso de uniformes e os narradores e comentaristas são estimulados a se apresentarem de camisa regata, ou até mesmo com a camisa jogada sobre os ombros.
- GE TV anuncia uma novidade para o Campeonato Carioca 2026: caiu a regra de ser proibido comer no estúdio. A comida está liberada e o Fred Desimpedido assa uma carne na final, no primeiro churrasco televisionado da história.
- Cazé TV reage e libera sua equipe para beber cerveja, o que rende um contrato multimilionário com a Brahma.
- GE TV firma acordo com a vodca Absolut e comentarista entra em coma alcoólico durante um Irã x Dinamarca na primeira fase da Copa do Mundo. O narrador passa o jogo inteiro com vômito alheio na camisa.
- O TNT Sports que estava para trás resolveu radicalizar e liberar as brigas entre membros da equipe. Comentarista acaba nocauteado por repórter após discussão sobre impedimento.
- GE TV libera os beijos entre os membros. Primeiro beijo gay das transmissões acontece em um Vila Nova x Ponte Preta, na Série B, quando dois comentaristas saem do armário após serem alcoolizados pelo narrador.
- Cazé TV libera a penetração consentida, sem close.
- GE TV libera o uso de drogas psicotrópicas na final da Libertadores 2026.
Após um narrador cheirar uma carreira de cocaína, arrancar as roupas e quebrar o estúdio durante a prorrogação, a emissora prometeu rever algumas medidas. No entanto, a audiência recorde da cena fez que sua repetição passasse a ser estimulada.
Estamos em 2028 e as transmissões esportivas são formadas por pessoas pessoas peladas injetando heroína e contando piadas de duplo sentido. A audiência não para de crescer.
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