Retrospectiva 2022

Quando o ano de 2022 ainda era um recém-nascido que precisava ser pego no colo para regurgitar o leite mal digerido, escrevi nesse blog que apenas uma coisa interessava para o ano vindouro: que fossem os últimos 365 dias com Bolsonaro na Presidência da República. 

Dito e feito, podemos dizer que, pela primeira vez na história terminamos um ano com 100% dos nossos objetivos completos. Já está na hora do Jair... já ir embora. O cidadão já arrumou as suas malas, deu no pé e foi embora, como preconizava o profeta Juliano Maderada. Não que tenha sido fácil. O findado ano de 2022 nos consumiu em um extenso e tortuoso projeto eleitoral, que por muitas vezes desafiou a nossa lógica e nos fez flertar com a tragédia.


De uma hora para outra, nos vimos entrincheirados ao lado de Simone Tebet, Alexandre Frota e João Amoedo pela defesa da nossa frágil e ameaçada democracia. Tendo em Alexandre de Moraes, aquele careca que abatia pés de maconha no Paraguai utilizando coturno e facão, sim, ele mesmo era o guardião da nossa democracia.

Quase que deu para vencer no primeiro turno e quase que deu para perder no segundo. Mas conseguimos. De repente nos vimos discutindo maçonaria, satanismo, canibalismo, pedofilia, vimos o atual governo montar uma linha de defesa baseada no fanatismo religioso e poder financeiro do agronegócio, um monstro quase invencível. Mas nós vencemos. Como diria Gregório Duvivier, derrotamos um golpe em andamento, que contou com a Polícia Rodoviária Federal tentando impedir pessoas de votar.

Após a eleição ainda presenciamos cenas de insensatez imensurável, com malucos golpistas acampados na frente de quartéis, tendo delírios coletivos, comemorando notícias falsas e pedindo proteção divina. Quem em 2023 Deus tenha piedade dessas pessoas e leve essas pessoas para o seu lado. Mas que, antes disso, a Lei dos Homens coloque esses indivíduos na cadeia.

2022 acabou sendo, portanto, um ano piedoso perto dos antecessores. A pandemia não acabou, de vez em quando parece dar um tempo, mas aos poucos entendemos que ela jamais vai acabar. Que o coronavírus veio para ficar e felizmente, existência a ciência para nos proteger, escolho bem aqui o verbo para evitar rimas pobres em excesso. 

Escrevo esta breve retrospectiva sem fazer grandes pesquisas, confiando apenas no que a memória guardou, uma tentativa de filtrar os grandes fatos. Um ano em que os ricos ficaram cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres, como já cantavam As Meninas em 1999. E um desses bilionários resolveu destruir o Twitter apenas por não saber conviver com seu superego fragilizado. Escrevo de memória para não me perder com acontecimentos triviais, que, a luz da história não ficarão eternizados. Em suma, foda-se o Arthur Aguiar.

Um ano em que tememos uma guerra e nuclear, graças aos superegos frágeis de presidentes alheios. Ano em que tivemos a maior final de Copas do Mundo de todos os tempos, que por muitas vezes desafiou a nossa lógica e flertou com uma tragédia. Quase deu para a Argentina vencer no tempo normal e quase deu para perder na prorrogação. Mas foi um jogo que coroou Lionel Messi e, de certa forma, representa uma virada de era.

Uma vez que, já no fim do ano, tivemos a perda do Rei Pelé. O maior brasileiro de todos os tempos, um homem sem o qual o Brasil não seria Brasil. Com suas falhas é claro, mas com um legado enorme para a forma como o brasileiro se enxerga por meio do futebol. 


Ano em que também morreu a Rainha Elizabeth (ou Isabel para os portugueses), mostrando que sim, ela poderia morrer.

Os anos, enfim, não tem nenhuma relação com a nossa sorte ou com o nosso azar. Eles são apenas uma forma de tentar racionalizar e organizar os acontecimentos que presenciamos. Entre conquistas, realizações, tragédias e fracassos, a vida segue. E entre o respeito por quem está mal e a felicidade por quem comemora, temos, afinal, um grande feito. O fato de que Amanhã, vai ser outro dia.

Um beijo do Gordo.

Comentários