Breve Apêndice Com Considerações Sobre Alguns Dos Principais Personagens Das Piadas Clássicas

Dando uma continuidade ao último post, compilamos alguns dos principais personagens da tradicional piada brasileira, relembrando suas características e as situações hilárias nas quais eles se envolviam.

Português: Estrelas máximas das piadas, os portugueses são sempre apresentados como pessoas completamente ignorantes e extremamente vulneráveis a golpes promovidos por estelionatários. Invariavelmente ficam no prejuízo e ainda são ridicularizados. Constantemente são acompanhados por pessoas de outras nacionalidades, como ingleses, espanhóis, franceses e enfim, com sua extrema inocência servindo de contraponto humorístico ao perfil centrado das demais nacionalidades.

Ora pois. Lá vou eu escorregar na casca de banana de novo


Loira: Atuam na mesma categoria dos portugueses, com a vantagem de poderem ser colocadas em situações sexuais. Afinal, ninguém acharia graça em uma história sobre um português estuprado por conta de sua burrice, ou em um português que pratica sexo oral em um marmanjo acreditando que estava chupando um pirulito, mas, por alguma razão inexplicável, a história é amplamente aceita quando envolve uma mulher loira.

Mulheres em geral: As loiras eram claramente as principais personagens das piadas, devido a alguma associação entre o gene do cabelo claro e a burrice. Mas, mulheres em geral também poderiam ser alvo das anedotas. Mulher virgem que de alguma maneira é enganada e perde a virgindade ou tem o ânus penetrado. Mulher feia que assusta as pessoas, mulher velha trocada por mulher mais nova, mulher feminista, mulher traída, mulher vagabunda, mulher que pede para ser estuprada, mulher interesseira, enfim, sendo mulher já era meio caminho andado.

Gays: Homossexuais também sempre frequentaram o anedotário nacional. Podia ser um viado vítima de preconceito justificado, ou então a famosa bichinha, que podia ser vítima de algum assédio, ou ter vários objetos introduzidos no seu ânus, ou ainda o cidadão que era confundido com um boyola e tinha que provar o contrário, muitas oportunidades para o humor.

Negros: Piadas racistas sempre foram das mais populares. Negros sendo considerados espécies sub-humanas, tratados como animais, ou como fezes, enfim, uma espécie de vingança pelo fim da escravidão. As piadas racistas foram as primeiras a serem banidas do repertório humorístico, já lá pelos anos 90. Acabaram substituídas por histórias cujo personagem é um africano (geralmente passando fome), uma maneira de se parecer que não é racista.

Pessoas com deficiência: Aleijado levando rasteira, cego sendo atropelado, surdez sendo utilizada como justificativa para alguém ser morto, a triste rotina de uma pessoa com deficiência sempre foi motivo para muitas risadas.

Então acho que eu me caguei


Idosos: A cada ano que se passa na vida de uma pessoa, mais motivos ela ganha para virar alvo de uma piada. Velhos tarados que abusam sexualmente de mulheres mais novas e ingênuas, que praticam os mais variados atos obscenos, velhos dementes que esquecem o próprio nome e vários aspectos da convivência em sociedade, mulheres idosas cuja declínio físico é extremamente engraçado, velhos com incontinência, enfim.

Corno: Ser traído por sua parceira sexual é um dos grandes hits dos livros que Ary Toledo e seus comparsas lançavam. O homem que não sabe que é corno, o homem que gosta de ser corno, o homem que comete feminicídio por ser corno, o homem que é apontado na rua por ser corno, não há, no mundo, provavelmente, humilhação maior do que essa, pelo que podemos perceber nos livros de anedota.

Bêbado: Pessoas que beberam demais e acabaram sendo estupradas, ou que pelo excesso de álcool no sangue adotaram atitudes impróprias, humilharam pessoas, se insinuaram com a pedofilia, ou ainda pessoas que passaram por experiências traumáticas – como, por exemplo, ter mantido relações sexuais com um cachorro da raça São Bernardo – e precisam beber até esquecer o constrangimento.

Caipira: Geralmente as piadas de caipiras se baseiam em pessoas tentando explorar a possível ingenuidade do matuto, mas como o capiau geralmente não é uma mulher, ou seja, alguém cuja exploração da ingenuidade é extremamente engraçada, de alguma maneira a situação se inverte e a ingenuidade do caipira se transforma em seu grande trunfo para superar a malandragem da cidade grande. Em bom português: alguém tenta comer o cu do caipira, mas é ele que come o cu desse alguém. Aliás, caipiras sempre estão envolvidos em situações que envolvem sexo, não necessariamente com seres humanos. Uma ode a simplicidade da vida no campo.

Judeu: Existem basicamente dois tipos de piada de judeu. Na primeira delas, o tino comercial deste povo é chamado de avareza, o judeu é o popular pão-duro. E essa sua vontade de não gastar dinheiro em nenhuma situação faz com que ele passe fome, explore sexualmente as mulheres da sua casa, provoque uma intoxicação alimentar coletiva, enfim, qualquer coisa para ter vantagem nos negócios. A outra vertente das piadas de judeu consiste em fazer comparações relativas à situação de desnutrição, ou a possibilidade de serem levados ao forno, comparações com cinzeiros, carvões e outras situações relacionadas a tragédia humanitária conhecida como holocausto.

Aí o papa disse "pode deixar que eu peguei o argentino com a porta do caminhão"

Argentino: O argentino seria um ser digno de toda e qualquer violência, alguém que poderia apanhar na rua, ser atropelado, atirado de aviões, amarrado em um barco naufragado e seu cadáver poderia ser novamente atingido para garantir que ele realmente tenha vindo a óbito. Um ser que provoca sentimentos violentos em freiras, em padres, enfim.

Japonês: Piadas de japonês consistem basicamente em relacionar toda a história desse povo ao tamanho do seu pênis, que seria minúsculo, invalidando qualquer qualidade que ele possa ter. Com seu pênis minúsculo o japonês não consegue ser feliz e ponto final.

Advogado: Situação semelhante a do argentino. Advogados sendo atropelados por caminhoneiros, sendo atirados ao fundo do mar ou do alto de penhascos.

Menino Joãozinho: Grande personagem do anedotário brasileiro, o menino Joãozinho é uma criança hipersexualizada, provável vítima de maus-tratos, com traços de psicopatia e que, enfim, precisaria ser acompanhado por psicólogos e demais profissionais especializados.

Papagaio: Único animal que geralmente aparece em piadas sem estar mantendo relações zoófilas com seres humanos. O papagaio de piada supera seus hábitos repetitivos e passa a denunciar crimes, traições, ofende intencionalmente as pessoas e por ventura chega a apanhar de seres humanos – crime previsto no código penal, assim como tantos outros descritos em piadas.

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