Risco Hipnótico

Em meio às tensões sobre um possível conflito nuclear envolvendo Estados Unidos e Irã, a ascensão do nazismo no Brasil ou do surgimento de um vírus potencialmente mortífero na China, acredito que a notícia mais preocupante da semana é a presença de um hipnólogo na 20ª edição do Big Brother Brasil. O cidadão se chama Pyong Lee e é relativamente famoso por participações em outros programas que misturam jornalismo e entretenimento na televisão.

A princípio, você pode não entender o meu receio e questionar qual é a ameaça que este descendente de coreanos pode representar, uma vez que ele nem sequer faz parte de um grupo de K-pop. Você olha para a cara dele e pensa “esse cara não aguenta dois minutos de porrada, que mal ele pode fazer?”. Pois bem, além de ter deixado sua mulher grávida de oito meses em casa enquanto participa desta apoteose festiva-alcóolica que é o BBB, precisamos ressaltar novamente a profissão de Pyong: hipnólogo. Sua função é hipnotizar pessoas.
Não podemos deixar de considerar a hipótese de que ele tenha hipnotizado sua esposa e também o seu filho, fazendo com que a criança só saia da barriga da mãe quando ele estalar seus dedos na volta para casa

Por mais que esta área de atuação seja vista com extremas ressalvas e seja muitas vezes taxada como charlatanismo, nós temos a disposição milhares de vídeos em que hipnólogos, incluindo o próprio Pyong Lee, promovem barbaridades com suas técnicas. Balançam seus relógios, pedem concentração na respiração, olham fundo nos olhos das vítimas, ou seja lá o que for e, quando vamos ver, as pessoas estão hipnotizadas, se comportando como animais, carregando quantidades enormes de peso nas costas, enfim, se comportando como cachorrinhos domesticados, comandados por seu mestre hipnótico.

E qual é o risco da presença de um cidadão desses no BBB? Simples. Nunca, em toda a história da televisão brasileira, da hipnologia e por consequência da humanidade, nós tivemos um profissional da categoria exposto por tanto tempo ao público brasileiro. O Big Brother é transmitido ao país inteiro 24 horas por dias para os cidadãos que se dispõem a pagar por isso e também tem faixas de transmissão diária na TV aberta. Se Pyong Lee for um profissional competente, ele poderá hipnotizar todos os participantes da casa, transformando-os em seus animaizinhos domésticos, escravos sexuais e o que mais ele quiser. Indo além, ele poderá colocar o Brasil inteiro e transe e sair da casa como imperador nacional.

Pyong já hipnotizou Rodrigo Faro,
mas não soube aproveitar a oportunidade
Pode novamente parecer um exagero, se lembrarmos que ele já esteve em vários programas televisivos e jamais colocou esse plano mirabolante em prática. No entanto, precisamos levar em conta que em nenhuma dessas participações esteve em jogo uma premiação milionária. Há uma grande diferença entre impressionar a Fátima Bernades - o que, convenhamos, não é tão difícil assim - e ter a oportunidade de ganhar R$ 1,5 milhão. Quando o dinheiro entra em jogo é que conhecemos a verdadeira personalidade das pessoas e não podemos refutar completamente a hipótese de Pyong Lee ser um ditador em potencial.

Durante o programa ele entrará em uma série de conflitos, tendo a sua disposição um poder não letal de grande eficácia. As regras do BBB são muito claras com relação a eliminação de participantes que se envolverem em agressões físicas, mas acredito que elas não dizem nada sobre a possibilidade de um participante hipnotizar o outro e subjugá-lo pela força da mente. Aliás, não sei se a legislação penal brasileira prevê algum tipo de punição para alguém que hipnotize outra pessoa sem consentimento. É crime hipnotizar?

Digamos que Pyong esteja na disputa por uma prova do líder e, se vendo quase eliminado, resolva hipnotizar seu adversário e fazê-lo se comportar como uma galinha. Que goste do resultado e passe a hipnotizar, um por um, todos os seus adversários. Em pouco tempo ele será o rei soberano da casa, fazendo tudo o que quiser enquanto as outras pessoas estão no jardim, comendo grama, ciscando, cheirando a bunda uma das outras, arrastando sofás por fios amarrados nos dentes. Restará ao coreano apenas o cuidado de não estalar os seus dedos, gesto universal de retomada de consciência de pessoas outrora hipnotizadas.

Proliferam na internet
imagens de Pyong fazendo
este gesto, que pode tanto
significar enxaqueca,
quanto que o ponto de
ouvido não funciona
Convencido de seu poder, ele poderá quebrar a quarta parede da casa e falar diretamente com o telespectador e, consequentemente com todos os operadores burocráticos do programa - cinegrafistas, editores, diretores, produtores e etc - e assim hipnotizar todos eles. Em pouco tempo haverá fora da casa uma massa de pessoas hipnotizadas, incluindo o próprio Thiago Leifert, agindo de acordo com os comandos dados por Pyongyang Lee, o Kim Jong-un tupiniquim.

Ele poderá logo convencer os produtores da Globo a transmitirem vídeos dele 24 horas por dia hipnotizando pessoas e dando ordens para ela. Céticos que são em relação a assuntos hipnóticos, cada vez mais cidadãos se verão tentados a assistir os vídeos, na expectativa de demonstrar uma resistência de que nada adiantará. O Brasil inteiro, exceção feita a uma pequena massa amorfa que não tem acesso à televisão, estará hipnotizado.

Pyong poderá comandar o Congresso Nacional. A Presidência da República. Poderá ordenar decretos e aprovar leis de seu interesse. Poderá, por fim, se eleger democraticamente ao cargo de presidente e aprovar leis que o transformem em monarca absoluto, fazendo com que a população inteira seja um enorme fantoche do seu macabro teatro de sombras. Com o domínio de outros idiomas, Pyong poderá rapidamente controlar a mente de outros chefes de Estado e estabelecer uma ditadura mundial. Uma situação totalmente factível.

Por essas e por outras é preciso estabelecer metas e, digo mais, um plano de contingência para impedir esta tomada mental do poder. Equipes deverão permanecer a postos initerruptamente para, caso preciso, agirem com a força necessária para conter os planos hipnóticos de Pyong Lee, neutralizando-o, se esse for o caso, ao menor sinal de que ele pretende hipnotizar o mundo. As autoridades não podem deixar essa discussão para depois, pois o Brasil inteiro corre riscos nesse momento.
Em sua estreia, o descendente de coreanos tentou utilizar a técnica do cu hipnótico

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