Reforma da Previdência

A cada novo dia a cada vez que somos tomados por mais uma notícia no mínimo insólita proporcionada pelo governo Bolsonaro, temos a sensação de que o Palácio do Planalto está completamente perdido e sem rumo, tentando sustentar a faixa presidencial apenas na base de polêmicas gratuitas e na eterna mobilização de sua fazenda de bots nas redes sociais. Esta é, no entanto, uma percepção inocente que nós temos. O Governo do Capitão está plenamente concentrado no objetivo de resolver o problema da previdência brasileira.

A Reforma da Previdência tem sido um assunto onipresente no noticiário local dos últimos anos. Uma verdadeira obsessão para o PIB nacional, que trata a aprovação de uma reforma como a solução de todos os problemas brasileiros. Tema rejeitado pelas bases trabalhistas, que enxergam a reforma como um achaque ao povo sofrido. Fato é que todo mundo que entende do assunto, sabe que é preciso fazer uma reforma no sistema. Provável que não seja a reforma atual, ou a do Temer, mas alguma coisa precisa ser feita.

A situação previdenciária de qualquer país se complica a partir do momento em que a população passa a envelhecer e diminuí a parcela de indivíduos que trabalham para pagar as aposentadorias de quem já trabalhou antes para pagar a aposentadoria de pessoas que a essa altura já morreram e assim, um dia faltarão jovens para pagar a aposentadoria de quem está pagando a dos aposentados de agora. Sim, uma equação muito difícil de ser resolvida e etc.

JMBozo, todos nós já pudemos perceber, é uma pessoa que não gosta de soluções difíceis, tem inclusive uma dificuldade para falar a palavra dificuldade e qualquer outra palavra que tenha mais do que três sílabas. Ele também foi eleito para quebrar o sistema e é isso que ele, silenciosamente, vem fazendo.

Senão vejamos, o tema central do discurso bolsonariano é o combate a violência e a defesa de que as pessoas possam se armar para se defender da bandidagem. A cada semana, o Planalto edita um novo decreto que facilita o acesso às armas, quase liberou o porte de fuzil e não duvido que chegará o dia em que o cidadão de bem poderá comprar uma bazuca, uma granada, um canhão, uma ogiva nuclear.

Qualquer um que não seja um imbecil pode perceber que quanto mais armas uma sociedade tem, mais propensa ela é a proporcionar cenas de violência. “Ah, mas só o cidadão de bem é que vai ter uma submetralhadora em casa”, sim, mas é extremamente difícil definir esse conceito de cidadão de bem. Existem diversos casos de pessoas que tem filhos e esposa fiel, utilizam crucifixos, guardam a quaresma, vão a missa todo domingo e inclusive choram durante a comunhão, mas que, mesmo assim, não hesitariam em descarregar um pente de balas em um coprotagonista de um incidente de trânsito.

Assim, sendo, quanto mais armas, mais as pessoas irão se matar.

Outra forte plataforma da atual gestão é o incitamento ao permanente estado de tensão social, convocando apoiadores para ir a rua e defender o Governo e pressionar os moinhos de vento da família numeral que se apossou do poder, ao mesmo tempo em que classifica os opositores de imbecis, idiotas e outros termos que podem ser considerados não muito simpáticos.

Esta tensão permanente, este ódio que sentimos cada vez que vemos um carro com um adesivo, o povo nas ruas e etc, tem o oculto objetivo de estimular um evento conhecido como guerra civil, um espetáculo em que grupos não-militares se matam nas ruas, conterrâneos se apunhalam, ocorre migração em massa, fome e miséria e etc. Uma guerra civil – apontada em tempos remotos pelo presidente como a única solução para o Brasil – mataria aí pelo menos uns 2 milhões de pessoas, fora aquelas que iriam migrar para outros países. Gente para caramba.

A essa altura você já teve ter percebido que o objetivo desse texto é apontar que a meta do governo é que a população se mate livre e gratuitamente, de forma que ninguém vai ficar velho e precisar se aposentar, solucionando assim o famoso déficit da previdência. É exatamente esse o projeto, é só isso que eu posso imaginar.

Senão vejamos: Bolsolaço quer reduzir em 90% as normas de segurança no trabalho, fazendo com que fique mais fácil para as pessoas que elas morram em acidente de trabalho. Ontem, ele foi pessoalmente ao Congresso entregar um projeto que muda as leis de trânsito, fazendo com que as pessoas possam cometer mais infrações com menos riscos de perder a carteira de motorista, tudo para permitir que o cidadão de bem possa morrer de maneira mais fácil enquanto dirige. Entre as medidas, está o fim da multa para quem transporta crianças fora das cadeirinhas, item que reduz em 70% as chances de uma criança morrer em um acidente de trânsito. No Governo Bolssauro, as crianças poderão morrer de maneira mais frequente, fazendo com que no futuro elas não precisem se aposentar e que ninguém precise trabalhar para pagar as aposentadorias delas, até porque essas pessoas provavelmente já terão morrido antes de começar a trabalhar também. Aliás, o incentivo ao infanticídio é uma boa maneira de diminuir o investimento nas universidades, já que haverá menos candidatos aptos a entrar nelas.
Futuro do transporte com segurança

Bem, é claro que este audacioso projeto não é fácil. Por mais que confiemos na capacidade e autodeterminação do povo brasileiro para se matar aos poucos, temos que lembrar que juntos e shallow now somamos mais de 200 milhões de pessoas e não se extermina 200 milhões de pessoas apenas com medidas paliativas de incentivo a violência. Por isso, é preciso criar outro mecanismo para reforçar o projeto de salvar a nossa previdência.

Assim sendo, a atual gestão tem se destacado como pioneira na liberação de agrotóxicos – ou defensivos agrícolas, ou ainda defensivos fitossanitários (aliás, fica a sugestão para que um futuro projeto de lei mude o nome desses produtos para “Elixir da Vida”). Venenos proibidos em vários países do mundo estão sendo liberados para ampla utilização em território nacional. Substâncias que fazem pessoas nascerem com órgãos e glândulas extras no corpo, crianças com má-formação, sapos com seis olhos, enfim, todas elas estarão na mesa da família brasileira e também no sangue dos trabalhadores rurais. Seguindo a boa e velha tradição russa, o povo brasileiro poderá ser envenenado aos poucos, até que ele esteja completamente dizimado. Um projeto de longo prazo, fruto do planejamento da atual gestão.

Some-se ao amplo projeto de destruição do meio ambiente e enfim, podemos afirmar sem dúvidas: o Brasil está alicerçando as bases para que a Previdência Nacional não tenha nenhum problema em um futuro próximo.

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