Retrospectiva 2018

O intenso ano da graça de dois mil e dezoito ficará para sempre marcado como o ano das mamadeiras de piroca. Vocês sabiam que o Governo distribuiu mamadeiras cujos bicos reproduziam órgãos sexuais masculinos, sobre o pretexto de combater a homofobia? Nossos filhos estavam lá, pagando boquetes cenográficos em mamarocas compradas com o nosso dinheiro.

A família brasileira, esta instituição tão suscetível, permaneceu constantemente ameaçada pela figura oculta e assustadora de Pabllo Vittar. Sempre indo longe demais, ela cantou o hino nacional na abertura da Copa do Mundo, estampou seu rosto na nota de cinquenta reais (seria ainda mais interessante se Vanessão estivesse na nota de vinte reais). Tudo isso, é claro, mamando na enorme mamadeira de piroca que é a Lei Rouney.

Tivemos tragédias naturais, como a Tsunami no Rio Grande do Sul, que a Globo só não mostrou porque ela está alinhada aos interesses internacionais e não se importa com a tragédia do povo brasileiro. Pessoas morreram, como o Roberto Bolaños do Chaves ou Lima Duarte. Mortos que, em alguns casos de complôs globalistas, seguiram trabalhando livremente.

Ah, 2018, este ano da graça não tão engraçada será para sempre lembrado como o ano em que as mentiras (aka Fake News) dominaram o debate público. Ficou cada vez mais difícil manter uma argumentação normal, porque cada vez mais se acredita em qualquer coisa e não é tão fácil assim fazer uma pessoa entender que ela é burra demais para acreditar que aquilo é verdade. Essa pessoa imbecil é que vai achar que você que é um retardado por não acreditar na mamadeira.

O ano que estamos prestes a superar foi o ano em que o Brasil acelerou seu processo de queda controlada ao fundo do abismo, por meio de um processo conhecido como “Eleições”. Processo que fez com que amigos e familiares parassem de se falar, o que talvez seja bom: estamos todos conversando demais com muita gente e talvez só o aumento lento e gradual do isolamento seja capaz de salvar a humanidade.

O amanhã finalmente chegou com a prisão do Lula, uma espécie de despedida de solteiro travestida de showmício. A Greve dos Caminhoneiros® foi outro momento marcante, nos oferecendo uma degustação do apocalipse. Passamos dias observando as filas em frente aos postos de gasolina, os supermercados com prateleiras vazias e as pessoas se matando por um pedaço de cebola.

Morreram Stephen Hawking, Anthony Bourdain, Marielle Franco, Stan Lee, Philipp Roth, Aretha Franklin, Mr. Catra (quebrando o sistema brasileiro de pensões) e a quantidade de gente que morre a cada ano é surpreendente. Mas, também nasce muita gente. Só que elas não são famosas quando nascem – exceção feita aos filhos de digital influencers – e muitos anônimos de hoje serão pessoas importantes, cujas mortes serão lamentadas daqui 60, 70 ou 100 anos. Outros irão nascer e morrer no anonimato, gerando lamento de um pequeno grupo de pessoas.

A Copa do Mundo foi disputada na Rússia e a eterna marra brasileira caiu mais uma vez, desta vez diante da Bélgica. O psicopata do hexa? Por onde andará. A Copa rendeu dezenas de memes com o Neymar – o anticristo – que resultaram em um constrangedor publieditorial de desculpas, só provando que ele é uma pessoa execrável. Aliás, parece que dessa vez o #BruMar finalmente acabou. Sorte da Bruna, que precisa se livrar desse estorvo em sua vida.

O caso Saulo Pôncio rendeu algumas das manchetes mais complexas de todos os tempos, sendo que no fundo o assunto era simples. Os irmãos Pôncio foram chifrados por seus cunhados e não puderam revidar porque isso seria conhecido como incesto. Só restou a eles lavarem suas mãos.

Um prédio desabou no centro de São Paulo. Um museu pegou fogo. Um médium estuprador foi finalmente preso. Um atirador promoveu um massacre em uma igreja de Campinas. Acordo entre as Coreias. Mais um casamento real. Crianças resgatadas de uma caverna na Tailândia. Façanhas Esportivas. Façanhas Científicas. Façanhas Humanitárias. O ser humano se mostrando inacreditavelmente complexo em suas virtudes e em suas misérias.

Fatos marcantes, todos eles unidos pelo mesmo fio: as já citadas Fake News. Para cada grande notícia do ano, tivemos uma dezena de notícias falsas que tumultuaram o debate e desviaram o foco da atenção. Não, a seleção da Croácia não doou seu prêmio para os meninos da caverna tailandesa. O atirador de Campinas não era filiado ao PT. João de Deus também não era filiado ao PT. Não foi decretado Estado de Sítio por conta dos caminhoneiros.

Para tudo há uma notícia falsa que irá nos confundir e provocar a cizânia. É tanta mentira que daqui alguns anos poderemos discutir se realmente existiu a greve dos caminhoneiros, ou se existiu o PT, se tudo não foi uma grande conspiração internacional. Se nem Copérnico está a salvo nos tempos atuais, quem estará? Podermos inclusive discutir se 2018 existiu. Porque nada mais é verdade, nada mais é mentira. Tudo é interpretação, tudo é ponto de vista.

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