Os tipos de bloqueio criativo

Qualquer pessoa que um dia se propôs a desenvolver uma atividade criativa (de acordo com um dicionário perto de mim: adjetivo do verbo transitivo direto criar: 1 – causar a existência de; 2 – gerar, causar; 3 – inventar, produzir usando a imaginação; 4 – alimentar, sustentar; 5 – adquirir; 6 – fundar, instituir; 7 – educar; 8 – fazer procriar; 9 – cultivar) já passou pelo terrível momento do bloqueio criativo.

A folha em branco que não consegue ser preenchida, não é apenas resultado de um simples esgotamento de ideias. O bloqueio é normalmente provocado porque o cérebro não consegue se concentrar no processo de criação de nada, geralmente ocupado com alguma outra atividade. Nada é criado por culpa de um grande problema que tira toda sua alegria e vontade de imaginar – doença, morte, trabalho demais – ou por outro grande projeto, que é muito mais prazeroso de se pensar – grande festa, viajem, um projeto de trabalho legal. Enfim, ansiedade no geral não combina com criação.

Apesar de tudo, o bloqueio criativo não significa apenas a incapacidade total de pensar em qualquer coisa, o que seria uma espécie de nirvana criativo. Digo que as ideias geralmente surgem, esparsas, perdidas, desconexas em algum canto do consciente. O problema é justamente o que fazer com todos esses fragmentos a partir do momento em que eles aparecem na cabeça.

Vejo a minha lista de postagens no blog e as últimas seis entradas são rascunhos. Das últimas 15, dez não foram publicadas, a espera de uma luz superior que me ilumine e faça com que esses textos prosperem. No total, tenho 43 rascunhos perdidos na nuvem da internet em busca da salvação.

O primeiro passo interrompido do bloqueio é justamente a capacidade de desenvolver a ideia que surgiu absorta em uma manhã qualquer. Pensei em um post sobre o primeiro pedaço do bolo que seria sobre, enfim, não sei dizer sobre o que ele seria. Achei que era uma boa falar sobre as implicações e dramas desse momento, mas, enfim, não sei nem por onde começar. O título do post fica repousando no rascunho por toda a eternidade.

Mas, tenho que dizer que pelo menos no meu caso, esse não é o principal problema. Muitos desses rascunhos começam a ser desenvolvidos e vão chegando até um ponto em que eu já não sei o que fazer com eles e eu simplesmente desisto. Sou atingido por uma espécie de vazio existencial em relação aquele amontado de palavras e não sinto nenhuma vontade de seguir adiante. Se vocês soubessem a força que faço nesse momento para não abandonar isso aqui, porque, enfim, nada disso faz sentido.


Há um último processo neste bloqueio que é o de finalizar o texto, mas simplesmente achar que não vale a pena postar isso. Uma espécie de ampliação do problema anterior, só que consumiu muito mais o seu tempo o que faz com que ele seja um problema ainda maior. Ou não. Apenas quando esse texto estiver no ar, se estiver, vou saber se consegui superar todos esses passos.

Sabe como é, por que é que eu vou postar isso? Quando tive a ideia, pensei que poderia ser algo muito melhor do que isso que eu fiz, veja como este último parágrafo está ridículo, não tem como seguir com isso adiante.

Mas, falam que uma das maneiras de tentar superar todo esse bloqueio é justamente criar algo relacionado a ele, como se assim fosse possível superar uma espécie de barreira psicológica que impede o desenvolvimento de ideias. Muitos grandes criadores já se utilizaram dessa tática e o resultado foi, geralmente, o pior trabalho jamais feito por eles.

Sim, melhor terminar logo antes que eu desista de tudo.

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