Versão oficial da história

Na véspera do dia em que Dilma Rousseff passou a ocupar o cargo de ex-presidente do Brasil, lembro de ter assistido a um programa na TV com a participação dos excelentíssimos senadores Ronaldo Caiado e Lindberg Farias. Em determinado momento, o parlamentar petista foi questionado sobre a atuação do partido naquele momento em que o impeachment parecia irreversível e respondeu "a batalha agora é pela versão histórica dos fatos".

Eis algo interessante para se pensar. Muitas das coisas que nós aprendemos nas nossas aulas de história provavelmente não ocorreram daquela forma, esse é apenas o relato oficial que é passado ano após ano. Muitas vezes, o fato alternativo é que ganha a batalha histórica e passa a vigorar nos contextos históricos. Quem garante que Dom Pedro I tenha gritado "Independência ou Morte" as margens do Rio Ipiranga? Na verdade ele pode ter falado "Caralho, meu pai não larga do meu pé" em um descampado cuja localização é desconhecida. Como não ficaria bem divulgar isso, criaram o grito de guerra e um lugar fixo para marcar a independência do Brasil.

Pois bem, pensei em uma versão oficial da história para o CH3. Na verdade, verdade mesmo, ele surgiu de uma bobeira do Tackleberry, utilizando um nome que surgiu aleatoriamente durante uma aula besta de Teoria das Ciências Humanas. Mas isso não é nem um pouco glorioso.

A versão histórica dos fatos relacionados ao CH3 poderia constar que ele foi fundado por três estudantes de Comunicação, que viam no blog uma moderna ferramenta de propagação das ideias. Podemos passar para a posteridade que utilizávamos técnicas vanguardistas de construção de textos e interação com o público, explicando que o modelo só se popularizou anos depois em outras mídias, mostrando que talvez nós fossemos os caras certos na hora errada.

O surgimento do Blog no dia 21 de junho não é uma coincidência: para sua fundação foi escolhida a data do aniversário de Machado de Assis o patrono das Letras brasileiras, mostrando as pretensões artísticas e literárias do CH3.

Tudo isso estaria em um museu do CH3 - algo que só seria concretizado caso fizéssemos muito sucesso ou fossemos um fracasso grande, mas tão grande, que pudesse ser considerado um sucesso. Com uma decoração que lembraria a instalação artística do Menino do Acre, desenhos primitivos de Vinícius Gressana estariam nas paredes. Em vídeo ele daria explicações complexas para suas técnicas, que fariam com que ninguém entendesse nada e achassem que ele era um gênio. Vinícius usaria costeletas nos vídeos.

Em um totem, Tackleberry daria explicações mercadológicas para o mundo que também não seriam compreendidas por ninguém. Acredito que eu seria o membro recluso, que as pessoas talvez duvidassem da existência. Na saída, um grande escorregador inflável do Cão Leproso. Independente do que aconteça, precisamos providenciar esse escorregador inflável urgentemente.

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