Expectativas frustradas para a continuidade do ano


Afinal, é realmente isso o que você quer para o seu ano?
Entre as expectativas mais estranhas que a humanidade nutre, certamente a de pensar que as primeiras horas de um novo ano irão influenciar todo o seu decorrer é a mais inexplicável. Na virada do dia 31 de dezembro para o 1º de janeiro, as pessoas se prestam aos mais insólitos costumes para que eles supostamente tragam energias positivas para o novo ciclo da terra em torno do sol.

É aquela baboseira toda de escolher uma roupa de uma determinada cor, como se o fato de usar uma camisa amarela, ou uma cueca amarela no milésimo de segundo em que um ano termina e outro começa, como se isso fosse trazer dinheiro. Se a sua maldita roupa branca fosse responsável pelo vago conceito de paz. Se uma roupa vermelha fosse capaz de fazer você conseguir sexo e que, caso fosse verdade, isso não significasse sexo em demasia, até o ponto em que seus órgãos genitais ficariam em carne viva.

Romãs, lentilhas, cerejas, frutas secas. Uma dieta toda específica capaz de trazer boas vibrações para encarar o desafio anual da sobrevivência. Fantasia. Correr com uma mala ao redor da casa para atrair viagens. Uma lenda, já que a pessoa provavelmente sonha com um circuito Paris-Roma-Londres-Nova York, mas pode fazer 47 viagens para Itiquira por conta de sua superstição de ano novo.

Uma das lendas mais curiosas que eu conheço, é uma que tenta estabelecer uma relação entre a chuva do começo do ano com a chuva de todo o ano. Choveu no dia 8 de janeiro? Isso significa que o mês de agosto será chuvoso. Há uma relação ainda mais sofisticada entre a hora da chuva e o período da chuva. Chuva por volta das 13h do dia 9 de setembro equivaleria a chuva no dia 16 de setembro. De madrugada.

(Ano passado, por exemplo, choveu praticamente de maneira ininterrupta entre a virada do ano até o dia 22 de janeiro em Cuiabá. Quem viveu se lembra que desgraça era para secar a roupa no varal. Se a superstição estivesse correta, hoje a cidade já teria sido evacuada, com a população vivendo em lugares altos e a área urbana transformada em um grande lago).

Pois bem, o que as pessoas de certa forma não percebem é que muitos dos costumes da virada do ano acabariam por desgraçá-lo por completo.

O que é que as pessoas fazem para comemorar a chegada do novo ano? Participam de pequenas aglomerações, bebem quantidades mesopotâmicas de álcool, comem pra caramba, dançam e pulam até ficarem completamente extenuadas.

Pense bem: participar de pequenas aglomerações. Se você foi passar o ano novo na Avenida Paulista, muito provavelmente iniciou 2017 cercado por pessoas que você não conhece, que provavelmente agiram de maneira desagradável porque estão alcoolizadas. Logo seu ano será cercado de pessoas com as quais você não gostaria de conviver.

Beber para caramba, misturando as mais diversas variedades alcoólicas resulta geralmente em uma ressaca monumental. Dor de cabeça, fadiga, enjoo. Uma péssima maneira de começar um ano e que certamente influenciará os dias restantes: muita dor de cabeça e cansaço, reforçado por se ir dormir tão tarde.

Comer até passar mal também é um prenúncio das merdas que virão. Da obesidade que irá te acompanhar e que irá frustrar todas as suas expectativas de superá-la.

Para piorar, esse ano começou em um domingo o que significa que aquela sensação frustrante de que o Fantástico já começou veio cedo. O ano mal começou e já era segunda-feira. Uma prévia das frustrações que virão ao longo do ano?

Pelo jeito, mal sabemos, mas realmente as primeiras horas de um novo ano acabam por influenciar todo o conjunto. Mas, da maneira que nós queríamos.

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