TV Guga Kuerten

Daqui a alguns anos, quando todos nos lembrarmos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, as principais lembranças não serão as grandes vitórias, os dramas, as medalhas, as disputas nas quadras, tatames e demais arenas de disputa. Em um ano distantemente utópico, a competição carioca será lembrada por um único homem: Gustavo Kuerten.

No momento em que o ex-tenista (ex-número 1 do mundo) foi anunciado para participar da equipe globo de comentaristas, ninguém deu muita bola. Lembrávamos do Guga, aquele atleta que transbordava emoção, que conseguiu vitórias impactantes sempre com sorriso no rosto e lágrimas nos olhos. Mas, somos vacinados com relação ao desempenho patético de ex-jogadores na função de comentaristas.

Mas o Brasil não sabia o quanto amava esse homem. Guga ganhou o carinhoso apelido de labrador humano por sua simpatia sem fim e por encarar a vida de braços abertos. Para melhorar, Kuerten ainda demonstrou ser um ótimo comentarista de tênis, alguém capaz de explicar os contextos humanos que envolvem a partida.

Essas características o levaram a marcar presença na transmissão dos mais variados esportes. Guga estava lá no futebol, no basquete, no vôlei, no tênis de mesa, no badminton, na canoagem, no tiro esportivo. O nosso ídolo sempre seria capaz de transmitir a dimensão humana daquele feito, os desafios psicológicos do atleta, a grandiosidade da representação nacional aplicada a uma disputa em uma cachoeira artificial. Até da porra do pentatlo moderno ele poderia comentar. Até sobre o psicológico do cavalo na prova de adestramento. Sempre com um sorriso imensurável.

Guga é capaz, simplesmente, de comentar todos os assuntos possíveis, com naturalidade, carisma e simpatia. Eu mesmo faço parte de um grupo de pessoas que gostaria de ter uma TV Guga Kuerten, com ele comentando todos os assuntos possíveis. Como sabemos que é muito difícil conseguir uma concessão de televisão, e aproveitando que ele é contratado da Globo, acho que GK poderia estar lá na vênus platinada comentando tudo.

Gostaria muito que ele substituísse Miriam Leitão nos comentários de economia. Ao invés de vermos o pessimismo latente da especialista, dizendo que o Brasil caminha para a recessão que redundantemente resultará no caos monetário seguido pela guerra civil, teríamos alguém capaz de explicar as implicações psicológicas na tomada de decisão dos economistas e como o dólar pode variar de um dia para o outro por mínimos detalhes.

Ele poderia ainda substituir o Alexandre Garcia, e assim não teríamos que ver este cidadão falando que chegamos ao fundo do poço da história da humanidade, que logo seremos devorados por ratos.

Guga poderia comentar o processo de impeachment e todos os duelos entre os parlamentares. Ele poderia substituir Rodrigo Pimentel nas falas sobre operações policiais. Teria um minuto no jornal nacional para uma crônica do dia. Substituiria o Pedro Bial, o Thiago Leifert e essa legião de malas. Teria seu próprio talk show, seu programa de variedades, de culinária, de saúde. Seria o presidente do Brasil.


Isso, é claro, desde que o mundo fosse um lugar ideal.

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