Jogos Olímpicos de Cuiabá

Foi uma surpresa danada quando aquele belga abriu o envelope e de dentro dele retirou o nome de Cuiabá. Ninguém esperava por aquilo, Cuiabá nem era cidade candidata a receber os Jogos Olímpicos de 2016, todos falavam que a escolha deveria cair sobre Rio de Janeiro ou Madrid.

Passado o espanto inicial e algumas piadas com Campo Grande, todos passaram a pensar no que fazer, onde é que os jogos seriam realizados, o que precisaria ser construído para receber os maiores atletas do mundo nas mais variadas modalidades. As discussões foram longas e intensas. A cidade recebeu a Copa do Mundo apenas dois anos antes e quando todo mundo percebeu as Olimpíadas iriam começar e nada havia sido feito.

Não dava para voltar atrás. Em toda a história, os Jogos Olímpicos foram cancelados apenas em ocasiões especiais, que envolveram a morte de milhões de pessoas em conflitos mundiais. Deu-se então um jeito e em agosto de 2016 a competição começou. Nem um único centavo foi gasto em obras de infraestrutura esportiva.

As competições de natação foram realizadas na Associação Atlética Banco do Brasil e pela primeira vez na história as disputas da natação aconteceram em piscinas de 25 metros. Para os saltos ornamentais e para o nado sincronizado foi aproveitada a estrutura da Universidade Federal de Mato Grosso. Já o polo aquático foi disputado na piscina do complexo da Arena Pantanal e alguns atletas morreram cozinhados na água,

As provas de canoagem foram realizadas na Baía de Chacororé, enquanto que as de Canoagem Slalom foram disputadas nas corredeiras de Jaciara. As provas do Remo foram realizadas no Rio Cuiabá, enquanto que a Vela foi levada até a represa de manso, onde não ventou tanto assim. Ainda na lagoa de manso foram disputadas as provas da maratona aquática.

Para as disputas do tiro com arco e tiro com espingardas, foram montados alguns alvos na estrada para Santo Antônio do Leverger, onde ninguém correria o risco de ser atingido por uma bala perdida.

A UFMT recebeu também todos as disputas do atletismo, aproveitando o gramado e a uma pista que dizem, seria construída em volta desse gramado. O ginásio da universidade ainda recebeu os jogos do basquete, enquanto que o vôlei foi disputado no ginásio Aecim Tocantins e o Handebol no ginásio Robertão. As disputas da ginástica, por sua vez, foram realizadas no ginásio Fiotão, na vizinha cidade de Várzea Grande. Ah, dizem que o Badminton foi disputado nas quadras menores da UFMT, mas as pessoas acharam que eram apenas estudantes uniformizados brincando de peteca com muita competitividade.

O Parque de Exposições da Acrimat recebeu as disputas do Hipismo, aproveitando que o local já tem um cheiro característico de esterco. O complexo esportivo ao lado do Parque recebeu as provas da Marcha Atlética.

O futebol foi disputado na Arena Pantanal, é claro, sendo que os jogos porventura disputados no mesmo horário foram parar no lendário estádio Dutrinha. As competições do tênis aconteceram no clube Monte Líbano, enquanto o tênis de mesa foi disputado no salão de jogos do Hotel Fazenda Mato Grosso.

Todas as competições de luta foram disputadas no Palácio das Artes Iusso Sinohara, que as pessoas nem sabiam que existia. O ciclismo de estrada também foi levado para a estrada de Santo Antônio do Leverger, felizmente fora do horário das disputas do Tiro. O Mountain Bike foi para a trilha do Véu da Noiva em Chapada dos Guimarães, enquanto as provas de perseguição foram em uma pista improvisada que utilizou a estrutura do Viaduto da Sefaz.

As opções de lugares da cidade já estavam se esgotando e ainda haviam vários esportes na lista. O golfe foi parar em um clube de golfe de ricos que existe por aí. O Rugby foi disputado no COT do Pari, que finalmente descobriu uma função. O Hóquei Sobre a Grama foi parar no campo da antiga Escolinha do Gaúcho. O Pentatlo moderno aproveitou as estruturas já existentes, já que ele disputado em apenas dois dias e com modalidades que já tinham suas sedes.

Restava o vôlei de praia, disputado em uma quadra de areia nas margens do Rio Cuiabá. O levantamento de peso, disputado em uma academia em um shopping da cidade. Por fim, o mais complicado foi o triatlo, que obrigou os atletas a nadarem por 1,5 km na lagoa do parque Tia Nair, a pedalarem 43 km de bicicleta em uma volta surreal por toda a cidade e os últimos 10km de corrida que terminaram em outra cidade, provavelmente.

Havia no último dia a maratona e vocês não sabem como foi difícil estabelecer um trajeto de 42 km entre a Arena Pantanal, ponto de partida, e a UFMT, ponto de chegada e da festa de encerramento comemorada com um grande sarau literário dos estudantes do Instituto de Linguagem.

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