Derrota por 7x1 para a Alemanha, doze anos sem ganhar a Copa do Mundo, duas eliminações seguidas para o Paraguai, nos pênaltis, nas quartas-de-final da Copa América, um meio de campo formado por Luiz Gustavo, Fernandinho, Douglas Costa e Fred, a Neymardependência. Motivos não faltam para discutir a situação em que o futebol brasileiro se encontra. Para onde vamos? O que pode ser feito? Será que o Brasil irá vagar eternamente no limbo da mediocridade? Corremos o risco de não nos classificarmos para a próxima Copa do Mundo?
Foi pensando nestas e em várias outras questões que o CH3 voltou a promover mais uma edição da série de debates filosóficos. Nosso monumental auditório ficou lotado de jogadores, técnicos, ex-técnicos, ensaístas, imitadores de Charles Chaplin, covers de Elvis Presley, mímicos, ortopedistas, jornalistas, sem-tetos e vencedores do BBB, exceção feita ao Diego Alemão que cumpria agenda em Indaiatuba.
Pai Jorginho de Ogum, sempre ele, comandou a mesa de honra composta ainda por Zagallo, Carlos Alberto Parreira, Sebastião Lazaroni, Telê Santana, Flávio Costa, Tutancâmon, Montezuma e Matusalém. Jorginho fez uma breve explanação sobre o tema, provavelmente com as mesmas palavras utilizadas nos dois primeiros parágrafos deste texto, só que em uma ordem diferente e excêntrica.
Por ser, indubitavelmente o mais velho no auditório, Mário Jorge Lobo Zagallo foi o primeiro a se pronunciar. Jorginho o questionou sobre o que era preciso ser feito para que o Brasil voltasse a ganhar uma Copa do Mundo. Com o rosto quase roxo e a arcada dentária bamba, o velho lobo disse que é preciso respeitar a amarelinha. Um silêncio se fez no auditório e Jorginho questionou se Zagallo poderia se aprofundar mais no assunto. Zagallo repetiu que é preciso respeitar a amarelinha e completou que Brasil Campeão tem treze letras.
Jorginho então questionou os presentes sobre a opinião deles sobre a declaração do velho lobo. Carlos Alberto Parreira disse que concordava com Zagallo, seu velho mestre. Informou, que apesar deste cenário caótico que alguns teóricos do apocalipse tentam pintar, o Brasil continua sendo cinco vezes campeão do mundo, mais do que o time da moda, a Alemanha, que tem apenas quatro.
Parreira foi interrompido por Karl Marx, que disse que não via sentido nas declarações de Zagallo e que era preciso que ele se explicasse melhor. Marx não entendeu quem é que precisava respeitar a amarelinha. Se eram os jogadores brasileiros que estavam desrespeitando o próprio país e necessitavam de mais investimento em educação cívica nos colégios, ou se os jogadores de outros países é que precisavam respeitar a amarelinha e, segundo Marx, esse processo seria muito mais longo e seria difícil estimar a sua eficiência.
Jair Bolsonaro tomou o microfone e disse que é necessário que os militares voltem ao poder para restaurar a dignidade do povo brasileiro. Com os militares, afirmou, não teríamos comunistas dando palpite sobre o que é preciso fazer com o nosso país. Neste momento, Willian Wallace invadiu o auditório, gritou Liberdade, mas acabou sendo degolado por Felipe Melo.
Enquanto o sangue de WW era retirado do carpete e Felipe Melo era detido por dois helicópteros Tomahawk, Montesquieu tomou a palavra para dizer que não era possível que o Brasil conseguisse interferir na educação de outros países. Mais complicado ainda seria introduzir alguma matéria do tipo “respeito a seleção brasileira de futebol” e fazer com que ela funcione na prática. Se Toni Kross, por exemplo, houvesse aprendido que era preciso respeitar a amarelinha, ele teria chutado as bolas para fora, diante de um gol vazio?
Eduardo Cunha disse que isso seria possível, caso ele estivesse no comando da seleção alemã, apitando o jogo ou com alguma procuração que lhe desse plenos poderes sobre o destino da humanidade, como já acontece atualmente na Câmara dos Deputados.
Jorginho retomou o microfone, mas foi interrompido por Marx. Ao lado de Montesquieu ele chamou Jose Ortega y Gasset, Slavoj Zizek, Eduardo Galeano, György Lukács, José Saramago, Rinus Michels, Zygmunt Bauman, José Borges e Antonio Gramsci. Juntos eles entoaram um grito de “Chupa Brasil”. Então, todos perceberam que ali estavam representados teóricos de todos os países que já derrotaram o Brasil em uma Copa do Mundo, exceção feita a Noruega, país que não tem nenhuma pessoa famosa.
Percebendo que o diálogo estava ficando infrutífero, Jorginho retomou o controle e perguntou aos presentes o que eles achavam do meio de campo da seleção brasileira na última Copa América e se é possível ver futuro em um time com Fernandinho, Luiz Gustavo, Fred, Douglas Costa, Diego Tardelli, Roberto Firmino e Robinho. Jorginho antecipou a opinião dele e disse que não via futuro, mesmo sendo um pai de santo.
O microfone caiu nas mãos de Sebastião Lazaroni que passou a falar sobre a importância do líbero e que para ele Mauro Galvão deveria ser o titular da seleção brasileira. Lazaroni fez um discurso ressaltando a modernidade necessária ao futebol brasileiro, mas foi interrompido por um ríspido Oscar Wilde que discordou da fala do ex-treinador com uma frase irônica de efeito. Lazaroni disse “foda-se” e Oscar Wilde respondeu “foda-se bem, foda-se mal, cai de boca do meu pau”.
Utilizando dos seus poderes de moderação, Jorginho disparou dois tiros, um na cabeça de cada um dos debatedores e começou a encerrar o debate. Percebendo que Zagallo movimentava os lábios, Jorginho chegou próximo a ele e percebeu que o velho dizia “amarelinha, tem que respeitar a amarelinha” em um mantra eterno. Jorginho se assustou e derrubou um copo de água em Zagallo. Seu corpo entrou em curto-circuito e todos perceberam que ele era, na verdade, um robô.
A direção do CH3 aproveitou a fumaça para ligar o alarme anti-incêndio e evacuar o prédio mais rapidamente, sem precisar oferecer um coffee break para os participantes. Como este nosso truque já é conhecido, os participantes continuaram imóveis. Foi preciso que incendiássemos um carpete para que eles finalmente fossem embora, encerrando de maneira digna mais esta retumbante discussão promovida pelo CH3.
Mano Menezes alegou que não estava sendo entendido pelos debatedores |
Pai Jorginho de Ogum, sempre ele, comandou a mesa de honra composta ainda por Zagallo, Carlos Alberto Parreira, Sebastião Lazaroni, Telê Santana, Flávio Costa, Tutancâmon, Montezuma e Matusalém. Jorginho fez uma breve explanação sobre o tema, provavelmente com as mesmas palavras utilizadas nos dois primeiros parágrafos deste texto, só que em uma ordem diferente e excêntrica.
Por ser, indubitavelmente o mais velho no auditório, Mário Jorge Lobo Zagallo foi o primeiro a se pronunciar. Jorginho o questionou sobre o que era preciso ser feito para que o Brasil voltasse a ganhar uma Copa do Mundo. Com o rosto quase roxo e a arcada dentária bamba, o velho lobo disse que é preciso respeitar a amarelinha. Um silêncio se fez no auditório e Jorginho questionou se Zagallo poderia se aprofundar mais no assunto. Zagallo repetiu que é preciso respeitar a amarelinha e completou que Brasil Campeão tem treze letras.
Jorginho então questionou os presentes sobre a opinião deles sobre a declaração do velho lobo. Carlos Alberto Parreira disse que concordava com Zagallo, seu velho mestre. Informou, que apesar deste cenário caótico que alguns teóricos do apocalipse tentam pintar, o Brasil continua sendo cinco vezes campeão do mundo, mais do que o time da moda, a Alemanha, que tem apenas quatro.
Parreira foi interrompido por Karl Marx, que disse que não via sentido nas declarações de Zagallo e que era preciso que ele se explicasse melhor. Marx não entendeu quem é que precisava respeitar a amarelinha. Se eram os jogadores brasileiros que estavam desrespeitando o próprio país e necessitavam de mais investimento em educação cívica nos colégios, ou se os jogadores de outros países é que precisavam respeitar a amarelinha e, segundo Marx, esse processo seria muito mais longo e seria difícil estimar a sua eficiência.
Parreira garantiu que a CBF é o Brasil que deu certo. Oscar Wilde retrucou: imagina o que deu errado |
Enquanto o sangue de WW era retirado do carpete e Felipe Melo era detido por dois helicópteros Tomahawk, Montesquieu tomou a palavra para dizer que não era possível que o Brasil conseguisse interferir na educação de outros países. Mais complicado ainda seria introduzir alguma matéria do tipo “respeito a seleção brasileira de futebol” e fazer com que ela funcione na prática. Se Toni Kross, por exemplo, houvesse aprendido que era preciso respeitar a amarelinha, ele teria chutado as bolas para fora, diante de um gol vazio?
Eduardo Cunha disse que isso seria possível, caso ele estivesse no comando da seleção alemã, apitando o jogo ou com alguma procuração que lhe desse plenos poderes sobre o destino da humanidade, como já acontece atualmente na Câmara dos Deputados.
Jorginho retomou o microfone, mas foi interrompido por Marx. Ao lado de Montesquieu ele chamou Jose Ortega y Gasset, Slavoj Zizek, Eduardo Galeano, György Lukács, José Saramago, Rinus Michels, Zygmunt Bauman, José Borges e Antonio Gramsci. Juntos eles entoaram um grito de “Chupa Brasil”. Então, todos perceberam que ali estavam representados teóricos de todos os países que já derrotaram o Brasil em uma Copa do Mundo, exceção feita a Noruega, país que não tem nenhuma pessoa famosa.
Percebendo que o diálogo estava ficando infrutífero, Jorginho retomou o controle e perguntou aos presentes o que eles achavam do meio de campo da seleção brasileira na última Copa América e se é possível ver futuro em um time com Fernandinho, Luiz Gustavo, Fred, Douglas Costa, Diego Tardelli, Roberto Firmino e Robinho. Jorginho antecipou a opinião dele e disse que não via futuro, mesmo sendo um pai de santo.
Feliz, Zagallo comemorou seus 12.014 anos |
Utilizando dos seus poderes de moderação, Jorginho disparou dois tiros, um na cabeça de cada um dos debatedores e começou a encerrar o debate. Percebendo que Zagallo movimentava os lábios, Jorginho chegou próximo a ele e percebeu que o velho dizia “amarelinha, tem que respeitar a amarelinha” em um mantra eterno. Jorginho se assustou e derrubou um copo de água em Zagallo. Seu corpo entrou em curto-circuito e todos perceberam que ele era, na verdade, um robô.
A direção do CH3 aproveitou a fumaça para ligar o alarme anti-incêndio e evacuar o prédio mais rapidamente, sem precisar oferecer um coffee break para os participantes. Como este nosso truque já é conhecido, os participantes continuaram imóveis. Foi preciso que incendiássemos um carpete para que eles finalmente fossem embora, encerrando de maneira digna mais esta retumbante discussão promovida pelo CH3.
Comentários