World War Web

“A Entrevista” é um filme lançado recentemente e que eu não vi. Não vi porque ele parece ser uma bomba, sem duplos sentidos. A sinopse, sobre dois caras da pesada que arrumam altas confusões enquanto tentam matar um ditador norte-coreano em um plano sinistro bolado por uma turminha da pesada, é simplesmente terrível. E todas as críticas que eu li, confirmam que o filme é mesmo horrível. Um comentário dizia “e pensar que a terceira guerra mundial vai começar por conta de um Zorra Total Gringo”.

A Coreia do Norte, vocês devem saber, vive em uma ditadura. E como em toda ditadura, os líderes máximos exercem firmemente o culto a sua imagem. Alguns norte-coreanos realmente não gostaram da sátira e invadiram o site da Sony e postaram mensagens antiamericanas, quase um chamado para a guerra. O presidente Barack Obama reagiu e, olha, realmente quase surgiu uma guerra por conta disso. Como os dois países possuem tecnologia nuclear, vivemos um flash back histórico.

Durante uma parte recente da história da humanidade, Estados Unidos e União Soviética dividiam o mundo em dois grandes polos e disputavam qualquer pedaço de terra sem lei, incluindo a lua. Promoviam guerras periféricas e golpes de Estado para alcançar seus objetivos. Os dois se odiavam, mas se temiam por um único motivo: eles possuíam ogivas nucleares que poderiam provocar uma hecatombe que extinguiria a humanidade no estalar de um botão. Por isso era melhor ficar só na ameaça, no famoso late-mas-não-morde, do que explodir tudo. Eis a Guerra Fria.

Com o tempo, a URSS acabou, os russos voltaram a ter relações com os norte-americanos, outros países dominaram a tecnologia nuclear e há quem defenda que só não corremos o risco de um novo conflito mundial por causa dessas bombas aniquiladoras. É melhor partir para a diplomacia.

No entanto, nesses últimos tempos podemos observar que o conflito está partindo do mundo real para o campo virtual. Temos o Estado Islâmico, que pratica seus pequenos genocídios, degola estrangeiros, mas utiliza a Internet para divulgar esses vídeos sanguinolentos. Eles conquistam contas no Twitter para divulgar as mensagens. Seus soldados são @’s e eles deram um novo sentido para a expressão “guerrilha virtual”.

O recente caso provocado pelo filme trapalhão mostra esse lado. Norte-americanos, em retaliação a invasão internética norte-coreana, invadiram sistemas do país comunista. A situação ficou realmente tensa e podemos acreditar que os dois países não partiram para os finalmentes justamente pelas bombas atômicas. Mas, acredito o ditador norte-coreano seja louco o suficiente para não ligar para isso.

A guerra só não acontece agora por conta da internet. Pelo medo da invasão da internet. Se hackers resolverem, eles quebram qualquer criptografia de segurança e invadem milhares de e-mails, contas em redes sociais, conversas de Whatsapp e tudo mais. Os Norte-coreanos poderiam fazer isso com milhares de norte-americanos e divulgar tudo em um Wikileaks da vida. Seria uma tragédia e uma crise que derrubaria todos os governantes. Imagina, suas conversas de Whatsapp expostas?

São reflexos dos novos tempos. Se te dessem a opção de explodir o mundo inteiro com bombas atômicas ou revelar suas conversas no Whatsapp, não tenho dúvida que você preferiria o apocalipse nuclear. Aliás, você e 98% da humanidade. Antes a extinção da raça humana do que essa mesma raça tendo acesso as suas DMs do Facebook.

E é por isso que não teremos uma guerra mundial tão cedo.

Comentários