Retrospectiva 2014


Sete a um. O ano de 2014 será para sempre lembrado pelo o que aconteceu no estádio do Mineirão no dia 8 de julho. Alemanha sete, Brasil um. Um placar surreal, de jogo de videogame, que não acontece em qualquer lugar, muito menos numa semifinal de Copa do Mundo e ainda mais sendo o time derrotado o anfitrião e maior vencedor da história do torneio.

O 7x1 é uma metáfora para a vida. Ela não permite erros e distrações, porque sempre haverá alguém mais forte, pronto para te massacrar e te humilhar. E não adianta se iludir. Se ele tiver a oportunidade de fazer isso, ele fará. A vida sempre coloca de um lado os vencedores, soberanos. Do outro ficam os vencidos, derrotados, jogados no chão, que criaram expectativas apenas para tomar um tombo ainda maior.

O jogo marcou o fim do midiático sonho do hexa. Caminhada trôpega, com muito choro e fraturas vertebrais, declarações nonsense do Parreira, uma carta da Dona Lúcia e enfim. A Copa do Mundo foi o momento do ano no Brasil. Nossas cidades foram invadidas por turistas das mais diversas origens e línguas. Até quem não gostava de futebol se aproveitou dos corpos estrangeiros do evento, vencido na final pela Alemanha.

No campo dos esportes tivemos o título do Gabriel Medina no Surf, muitas coisas no tênis, basquete, vôlei, Fórmula 1, mas afinal, quem é que se importa com outros esportes? Apenas a Copa do Mundo uniu o país.

Já as eleições presidenciais dividiram o Brasil. O embate entre PSDB e PT chegou com força no Facebook transformando a internet no pior lugar do planeta. As discussões sobre qual das duas merdas fedia mais chegou a um nível terrível e ao que tudo indica o chorume não vai parar nos próximos anos. Não é a toa que as ações do Facebook estão em queda constante.

Eleições que também ficaram marcadas pela morte do então candidato Eduardo Campos em um acidente de avião. Morte que quase alterou o cenário eleitoral.

Sim, temos as mortes, as tradicionais mortes de todo ano. Esse 2014 foi particularmente difícil para a literatura. Morreram Gabriel García Marquez, Ariano Suassuna, João Ubaldo, Manoel de Barros. Também morreram o cantor Joe Cocker, o zagueiro Bellini, o ditador Baby Doc, um humorista do Hermes e Renato, Plínio Arruda, Mãe Dinah, Paco de Lucía, Nico Nicolaiweski, Paulo Goulart, Alfredo Dí Stefano, Eusébio, Philip Seymour Hoffman, Luciano do Valle, Nelson Ned, Robin Williams, José Wilker e o Chaves. Herói da infância de muitos, Roberto Bolaños foi uma das celebridades que mais sofreram com falsos boatos de morte na internet. Dessa vez não era boato.

RIP
Quem também passou dessa para a melhor foi o boneco de isopor Guilerme Original. Símbolo sexual do blog, Guilerme viveu durante gloriosos sete anos, cinco meses e dezessete dias. Deixará para sempre um vazio em nossas vidas.

Deu para perceber que nesse ano morreu muita gente, não é mesmo? Quem não morreu, dizem, foi o Fidel Castro. O país comandado por sua família se reconciliou com os Estados Unidos após mais de metade de um século e tirou um pouco a graça da vida das pessoas que falam em “cubanização” do Brasil.

Em 2014 nós tivemos uma passarela caindo no Rio de Janeiro e um viaduto despencando em Belo Horizonte. Tivemos uma onda de intolerância nas ruas, com justiceiros que linchavam criminosos e foram defendidos por uma jornalista do SBT. Intolerância que se refletiu nas urnas com a eleição do Congresso mais conservador da história.

Um avião da Malaysia Airlines desapareceu no Oceano e ninguém tem a menor ideia do lugar em que ele pode ter desaparecido. O curioso é que familiares da família alegam que seus telefones continuavam recebendo chamadas dias após o acidente. O que deve ter sido uma alucinação, a bateria de nenhum celular resiste a tantos dias assim. Outro avião da Malaysia Airlines foi atingido por um míssil e caiu na Ucrânia e um terceiro, de outra companhia malaia, caiu nessa semana. Querem uma dica? Fujam de voos na Malásia.

A Ucrânia foi o palco de conflito de difícil compreensão, que talvez já possamos chamar de guerra civil. Na vizinha Rússia, foram realizadas as monótonas Olimpíadas de Inverno, que entraram para a história com suas simpáticas privadas duplas.

Tivemos as crises políticas de sempre, a crise de água em São Paulo. Suzane Von Richtofen roubou a mulher de Elise Matsunaga, a Giovanna deixou o forninho cair, o Marco Véio desceu o morro da vó Salvelina, celebridades tomaram banho de gelo por modismo, o Orkut acabou, assim como o ano. Lázaro, nos ajude a entender.

Mortes, tragédias, polêmicas. Podemos dizer que 2014 foi um ano como tantos outros. Mas teve um 7x1 no meio do caminho. Isso vai ficar na história.

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