Serial Killer

Jack, o Estripador, é um famoso criminoso que atuou em Londres no final do século 19. Ele teria sido o responsável por pelo menos cinco assassinatos com características semelhantes. Ele atacava prostitutas, estrangulava-as, perfurava suas gargantas e depois arrancava os seus órgãos internos. Sua atuação foi breve: seus cinco crimes ocorreram num período de três meses e ele jamais foi identificado. Mas o mito persiste até hoje.

Assassinos em série exercem algum fascínio sobre a sociedade. Sua crueldade sem limites, sua metodologia, sua repetição e especificidades criam uma mitologia ao seu redor. O Serial Killer é um ótimo personagem da literatura, chamando muito mais a atenção em relação a outros psicopatas e criminosos comuns.

A própria expressão “Serial Killer” chama a atenção. Se você souber que há um assassino nas redondezas, provavelmente não irá se precaver tanto e nem sentir o medo que sentiria caso soubesse que um Serial Killer está no seu bairro. Você logo imagina alguém com roupas excêntricas, instrumentos mortiferamente sofisticados e um gosto incansável pelo sangue alheio.

Deve ser pela força da palavra, que o presidente do Corinthians, Mário Gobbi, resolveu utilizá-la com um novo sentido, nunca antes usado: Gobbi, que é delegado, abriu uma jurisprudência e agora “Serial Killer” passa a expressar o coletivo de “erros”.

(Já contei esta história antes neste blog, mas a acho tão sensacional, que a repetirei agora e a repetirei enquanto meu corpo resistir. Meu professor de autoescola utilizava “multidões” como um coletivo genérico. Ele provavelmente faltou todas aquelas aulas que temos, em vários oportunidades, que nos ensinam sobre matilhas, alcateias, manadas, rebanhos e tudo mais. “Vocês tem que se preparar porque vocês vão para as ruas, enfrentar uma multidão de carros”, dizia. “Todos os dias, acontecem multidões de acidentes, que deixam multidões de vítimas”, completava).

O fato aconteceu durante uma afetada entrevista coletiva, concedida após o jogo entre Corinthians e Fluminense. O objetivo do mandatário corintiano era reclamar da perseguição da arbitragem, após um jogo em que o adversário do Corinthians teve um gol legítimo anulado. Lá pelas tantas ele soltou “Não sei porque começou esse serial killer de erros contra o Corinthians”, inovando.

É difícil saber o que se passou na cabeça do Gobbi, até porque é difícil saber o que se passa na cabeça dos gênios nos momentos decisivos. Ele ia falar “série de erros” e se lembrou de alguma investigação passada envolvendo alguém que retalhava cadáveres e isso levou ele a algum ato falho? Não se sabe.

Mas, já podemos imaginar ele falando “um serial killer de carros sai de casa todos os dias”, ou “um serial killer de pessoa saiu às compras na 25 de março” – o que poderia provocar um pânico generalizado em meio ao frenesi consumista.

Mário Gobbi, és um inovador.

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