O drama da verdadeira massagista

Quando eu era adolescente e lia o jornal, sempre achava graça quando passava pelos classificados, na seção que anunciava as “acompanhantes”. Como é que alguém ganhava a vida acompanhando outras pessoas? Bem, na verdade, não havia muitas dúvidas. A seção de acompanhantes vinha ilustrada com fotos de mulheres seminuas, deixando claro a intenção disso tudo.

Bem, fazia muito tempo que eu não lia os Classificados e, então, perdi o momento histórico em que o termo “acompanhantes” foi descontinuado. Agora, são anunciadas as massagistas.

Você pode pensar que isso é fruto de uma mente suja, que as pobres meninas querem apenas fazer massagens, que não há nada de errado nisso, que é uma profissão contra outra qualquer. Pois bem.

Um dos anúncios fala sobre “três massagistas lindas”. Outro fala em “quatro lindas massagistas com local discreto e climatizado”. Qual é a importância de falar que a massagista é linda? O que importa é se ela tem mãos competentes para a massagem. Ainda existe uma curiosa massagem 100% e uma massagista Classe A. Há também uma massagista mestiça, para satisfazer todos os fetiches.

A minha dúvida é: porque não é feito um jogo limpo e as meninas não falam logo qual é a sua verdadeira intenção, sem esse eufemismo da massagem. Que hipocrisia é essa Brasil?

Penso então, no drama da verdadeira massagista. Aquela que se preparou durante anos em técnicas chinesas, tailandesas e o escambau. Conhece todos os pontos de acúmulo de tensão do corpo humano e tem mãos mágicas e revigorantes. Penso que ela pode anunciar no jornal que ela faz massagens e que quando recebe os clientes eles vão logo tirando a roupa e reclamam que ela está gorda.

Quando a verdadeira massagista anuncia sua profissão para outras pessoas, todos já querem passar mão na bunda dela e que, se já não é fácil ser mulher nesse mundo de tarados, a verdadeira massagista deve sofrer ainda mais.

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