Era Dunga

Na última terça-feira, a Confederação Brasileira de Futebol confirmou que Carlos Caetano Bledorn Verri, o Dunga, é o novo velho treinador da seleção brasileira de futebol. O retorno do eterno capitão do tetra, que até outro dia ocupava o mesmo cargo, tem contornos surreais, parece até uma piada. Mas na verdade é um pesadelo.

Dunga tem o apelido de um dos setes anões, o careca mudinho, características bem diferentes do comandante da seleção. O treinador é uma espécie de Jason, aquele que volta e meia reaparece para descontar sua fúria nos inimigos. Criar inimigos imaginários travar batalhas virtuais e atormentar aqueles que um dia duvidaram dele.

Era Dunga que ficou marcado como o símbolo de uma das piores seleções brasileira de todos os tempos, aquela que apresentou um futebol pavoroso na Copa da Itália de 1990 e que foi eliminada pela Argentina nas oitavas de final. Parecia que Dunga estaria para sempre esquecido, enterrado no cruel cemitério dos perdedores do futebol. Engano.
Era Dunga utilizando suspensórios. Puta merda, heim Dunga.

Era Dunga que, aos 31 anos, levantou a taça da Copa do Mundo de 1994, aquela que encerrou o jejum de 24 anos do futebol brasileiro. Símbolo daquela equipe, duro e preciso, fez vários lançamentos para Romário sair na cara do gol. Num gesto inédito, ele ergueu a taça xingando todos aqueles um dia duvidaram do seu potencial. Poderia ter encerrado sua carreira no auge. Mas não.

Era Dunga, novamente capitão da seleção brasileira em 1998. Com 35 anos ele distribuiu empurrões em Bebeto e empurrou o time até o final, onde a seleção acabou atropelada pela França por 3x0, no último jogo em que Dunga vestiu a camisa da seleção brasileira. Mas, esta não foi a sua última participação em uma Copa.

Era Dunga que em 2006 foi inventado como técnico da seleção, mesmo sem ter dirigido time algum antes. Montou uma equipe rápida nos contra-ataques, mas sem muita variedade de jogo. Distribuiu xingamentos para jornalistas em entrevistas coletivas e quando seu time foi eliminado, virou as costas para os jogadores e, sem uma palavra de consolo se encaminhou para o vestiário.

E agora é Dunga novamente, que treinará a seleção. Após quatro anos de ausência e apenas oito meses atuando como técnico, ele está no comando novamente. Uma resposta pragmática para um momento em que o futebol brasileiro se afunda.

Porque era Dunga quando a fome se abateu sobre a África. Era Dunga quando a peste dizimou a Europa. Era Dunga quando a Branca de Neve comeu a maçã envenenada. Era Dunga quando as guerras eclodiram e os povos se mataram. Era Dunga batendo na sua porta, era dunga puxando o seu pé. Era Dunga, o pesadelo interminável.

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