Quem vai ganhar a Copa do Mundo?

Na tarde desta quinta-feira, a equipe do CH3 se reuniu na Casa de Diversão Noturna Carnicentas para assistir a estreia brasileira na Copa do Mundo de Futebol. Bem, quase todos. Vinícius Gressana preferiu ficar trancado no quarto dele e Tackleberry estava no camarote vip da FIFA em Itaquera.

Além de confraternizar com os amigos, aproveitei a oportunidade para perguntar a Pai Jorginho de Ogum quem seria o campeão da Copa.

Como sempre, cheguei até a Carnicentas com alguma antecedência. Neguei uma série de petiscos que me foram oferecidos, por uma questão sanitária. Enquanto a pavorosa cerimônia de abertura era exibida, fui criando aquele clima para fazer a pergunta decisiva para Pai Jorginho de Ogum. No momento em que Jennifer López e um rapper afetado ascenderam do inferno para cantar uma música horrível eu perguntei:
- Pai Jorginho de Ogum, quem será o campeão da Copa?

Pensei que ele iria criar aquela série de factoides de sempre, jogar uma partida de truco, virar uma garrafa de cachaça, revirar os olhos e balbuciar palavras inteligíveis. Ele apenas terminou de mastigar uma asinha de frango que ele comia, bebeu um gole de água e disse secamente:
- O Brasil.

Ficamos em silêncio. Fiquei esperando que ele enfeitasse sua previsão, que desse alguma explicação estapafúrdia. Enfim, que ele fosse Pai Jorginho de Ogum. Ele ficou me encarando com cara de que não sabia o que é que eu queria.
- Só isso?
- Como só isso? O Brasil será o campeão do campeonato mundial jogado no Brasil. É o maior evento dos últimos 64 anos.
- Mas, essa é uma opinião sua ou é uma previsão?
- Você sabe que no meu dicionário, opinião e futuro tem o mesmo significado.

Achei aquilo muito estranho. Jorginho nunca é tão confiante em suas previsões. Geralmente prefere ficar tergiversando e dando opiniões genéricas. Esperava que ele dissesse algo como “O Brasil é favorito, mas não podemos descartar Argentina e Alemanha. Holanda, Espanha, Itália e Uruguai também vêm forte, mas não podemos nos esquecer, porque não, da França, da Colômbia e da Bélgica”.

Pensei se Jorginho tinha incorporado o espírito do Polvo Paul, ou algo parecido. Ainda estava refletindo quando a partida começou. Vimos Marcelo marcar um gol contra logo no começo e o pedreiro Marcão começar a chorar. Neymar empatou e o jogo estava duro, a tensão estava refletida na cara do Cão Leproso.

Até que, em um lance inofensivo, Fred se jogou no chão e apenas Jorginho de Ogum disse “pênalti”. Aliás, apenas Jorginho e o juiz japonês. O replay mostrou que não foi nada, mas Jorginho continuava impassível. Neymar cobrou e virou o placar. No final da partida, Oscar confirmou a vitória, 3x1.

O jogo terminou com Marcão gritando “É équissa, É équissa”, enquanto um clima de ressaca moral se abatia sobre todos os presentes. Menos Jorginho de Ogum, sempre confiante. Assisti o começo do pós-jogo e já estava indo embora quando Jorginho de Ogum atendeu um telefonema. Antes de fechar a porta o escutei falando, me parecia em japonês.

“Shizuka ni watashi no yūjindesu. Anata wa tadashī subete o shita. Ima wa 6 shiai ga arimasen. Kappu wa ima wareware no monodearu”.

Achei estranho.

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