Medidas sérias contra o racismo

Semana passada o meio-campista Auroca, do Santos, foi chamado de macaco após uma partida realizada em Mogi-Mirim, cidade localizada a 1.160 km de Guiratinga. Todos nós sabemos que a injuria racial é um crime tipificado no código penal brasileiro e a agressão foi testemunhada por outras pessoas e também por policiais que estavam no estádio Romildo Vitor Gomes Ferreira. Mesmo assim, o injuriador saiu do estádio livremente e deve estar agora em casa, tomando conhaque.
Veja que, vazio, o Romildão não oferece perigo para ninguém

O caso repercutiu, é claro. Não é todo dia que isso acontece. O caso ainda se somou a outra ofensa proferida a um árbitro de futebol no mesmo dia, em Bento Gonçalves, cidade a 1.149 km de Mogi-Mirim. Pouco antes, o brasileiro Tinga também escutou imitações de macacos em um jogo no Peru. O que esses casos tem em comum? Todos os criminosos estão tomando conhaque livremente.

A solução para o caso parece simples. Prender, ou pelo menos processar criminalmente o sujeito que chama o outro pejorativamente de macaco, em qualquer lugar do mundo. Mas, no caso da cidade no interior paulista, preferiram interditar o estádio. Afinal, as autoridades devem ter pensado que o estádio continha algum defeito que faz com que ele seja vulnerável a gritos de macaco. Uma reforma irá corrigir essa falha de segurança.

Mas sabe, eu acho que pode dar certo. Enquanto o Romildão permanecer interditado, nenhuma ofensa racial será proferida nele. Sim, tenha certeza de que nenhum jogador será chamado de macaco por nenhuma alma presente na arquibancada.

Essa medida deveria ser levada até outros lugares também. Alguém foi chamado de crioulo sujo na fila do supermercado? Interditem o supermercado. Ninguém irá ofender ninguém lá dentro. Um estabelecimento na Avenida Paulista afixa um cartaz dizendo que proíbe a entrada de negros lá dentro, interditem a Avenida Paulista. Decretem Estado de Sítio e proíbam a livre circulação nas ruas. O problema acaba. Se Arouca tivesse ficado em casa, jamais seria chamado de Macaco.

Curiosamente, estádios de futebol constituem uma espécie de paraíso fiscal para a impunidade.

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