O Novo WhatsApp – A Era Zuckerberg

A princípio, Mark Zuckerberg parece ser um cidadão inofensivo com sua cara de adolescente nerd que dizia que a Lara Croft era sua namorada. No entanto, o criador do Facebook tem se mostrado um homem arrojado nos negócios, um verdadeiro Lobo do Vale do Silício. Sua voracidade foi confirmada na semana passada, quando Zuka comprou o WhatsApp pela bagatela de US$ 16 bilhões.

O negócio pareceu estranho para muita gente. Certo que o WhatsApp é desses fenômenos da modernidade, um aplicativo que até dois anos atrás ninguém usava e que hoje é essencial para o funcionamento da sociedade. Hoje em dia alguém dirá que não te avisou que um compromisso foi cancelado porque o Whats estava fora do ar, como se não houvesse nenhuma outra forma possível de contato entre dois seres humanos.

Só que, mesmo estando tão presente em nosso cotidiano, teoricamente a única forma de lucro do WhatsApp é uma anuidade de um dólar anual e ainda não existem 16 bilhões de pessoas no mundo usando celulares para que esse investimento seja recuperado. E mesmo essa cobrança anual ainda não é algo que as pessoas estejam certas de que realmente aconteça. Então, porque Zuckerberg investiu essa porralhada de dinheiro na compra do aplicativo?

A lógica é simples: ele quer ter mais controle sobre sua vida. Vamos lembrar que o Facebook também é gratuito e que mesmo assim o Zucão se transformou em um milionário. Como ele fez isso? Vendendo anúncios. Basicamente, o Livro das Faces sabe tudo o que você faz na internet, conhece todos os seus cookies e com isso ele te vende coisas. O Facebook ganha dinheiro conhecendo sua vida.

Tanto que a negociação bilionária deixou a internet efervescendo. Muitas pessoas já começaram a pensar em abandonar o aplicativo de mensagens gratuitas com um medo georgeorwelliano do Zuckerberg. “Já imaginaram o Facebook com meu número de celular?”, dizem. Eu digo que é besteira. O número do seu celular ele já tem faz tempo. E se você tem um smartphone que suporta o WhatsApp, provavelmente tem o aplicativo do Facebook e provavelmente nunca leu a lista de permissões que ele solicita na hora da instalação.

Ele quer controlar o seu GPS, controlar as suas ligações, alterar o sistema do celular e uma série de coisas que, caso você lesse, provavelmente pensaria em quebrar, tacar fogo, concretar e enterrar seu celular no fundo do mar. O Facebook só falta pedir permissão para usar seu cartão de crédito e marcar visitas esporádicas de representantes comerciais das empresas que anunciam na rede social para que elas possam lhe mostrar as últimas tecnologias em emagrecimento.

Zuckerberg pode ter acesso as suas conversas? Acho que sim. Mas ele já deveria estar fazendo isso com seu Facebook e os antigos donos do WhatsApp também já deviam saber todas as putarias que você falava. Lembremos que depois do Obama a privacidade virtual de ninguém é resguardada, ninguém está a salvo, nem mesmo os chefes de Estado.

A princípio, acho que o principal medo que as pessoas devem ter é de que receber alertas promocionais, de sem querer compartilhar as fotos do Whats no Face e receber sugestões para adicionar pessoas que você não conhece ou que gostaria de não ter conhecido.

Outra boa sugestão é sair do WhatsApp e impedir que esse aplicativo demoníaco continue mobilizando sua vida. Veja que no sábado o serviço ficou fora do ar, gerando teorias conspiratórias, memes do Zuckerberg e colapso mundial nas relações humanas que ficaram sem saber como convidar alguém para ir ao cinema.

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