Onde está a gostosa?

Domingo passado, Cruzeiro e Bahia se enfrentavam no Mineirão, em jogo válido pela penúltima rodada do campeonato brasileiro. Jogo tenso apenas para um lado. Enquanto o Cruzeiro aproveitava a ressaca do título brasileiro, o Bahia ainda dependia de uma vitória para escapar do rebaixamento. Jogo empatado, até que no final, o Bahia consegue o seu gol salvador.

Festa na torcida, principalmente de uma torcedora que, na empolgação, levantou a camisa, beijou o escudo e deixou a mostra o seu sutiã. Um sutiã aparentemente normal, iguais aos que são vendidos em lojas de departamento, iguais aos que aparecem em cenas de novela, sem nenhum detalhe especial. A torcedora não estava vestida para matar. Estava apenas... vestida.

Em poucos minutos, a minha timeline do Twitter foi invadida por tarados de plantão clamando pela identificação da garota. POR FAVOR DIGAM O NOME DESSA TORCEDORA, dizia um babaca qualquer que parece que nunca viu um sutiã na vida. Outros se declaravam apaixonados, igual a Adão quando ele certa manhã acordou sem uma costela.

Um fenômeno interessante do mundo das redes sociais é a paixão por pessoas aleatórias. Quase todo dia você verá alguém dizer que se apaixonou por uma loirinha no ponto de ônibus, por uma menina com camisa do Velvet Underground na lanchonete, a morena com um laço verde no cabelo.

Falar que se apaixonou por uma pessoa desconhecida em um lugar banal é algo que te torna popular na internet. Não me pergunte o porque. Isso simplesmente acontece. É como tirar fotos de prato de comida, fotos de gato na janela. Na internet isso é pop. Principalmente se você escrever sobre a paixão platônica de um jeito “retardado da net”, cheio de CAPSLOCK e expressões como “Delicinha”. Sim, a internet tem seus mistérios.

Mas, voltando a torcedora do sutiã, por incrível que pareça, ela foi descoberta. Em pouco tempo descobriram seu nome, sobrenome e que ela era irmã de um zagueiro do Bahia. Virou celebridade da internet e chegaram a sair notinhas sobre a musa do sutiã, que ela iria ao último jogo do seu time no campeonato. Em pouco tempo, ela estaria saindo em notinhas do Ego. Logo sairia na Playboy com uma chamada de duplo sentido sobre o fato de que agora ela estaria sem sutiã.

O que me surpreende é: como encontraram essa menina? O tempo todo estamos vendo nos jornais as imagens de suspeitos de algum crime e que a polícia vai tentar identificá-los. Vemos uma briga no estádio e a Polícia diz que vai tentar identificar os vândalos. Demora uma eternidade. Agora, na internet conseguem localizar o facebook de uma gostosa antes de o jogo acabar.

Será que existe um Shazam para mulheres? Igual o aplicativo musical que reconhece sinfonias a partir de três acordes. Você fotografa a mulher, o Shanam roda o banco de dados e encontra o perfil da mulher, endereço e telefone.

De toda forma, a capacidade de mobilização da internet para coisas inúteis não é de hoje. Vamos nos lembrar de uma história.

Em 2006, o U2 realizou dois shows no estádio do Morumbi em São Paulo e um deles foi transmitido em VT ao vivo pela Rede Globo. Durante a execução da clássica With Or Without You, Bono Vox chamou uma mulher ao palco e dançou com ela. Ao final da canção, o irlandês deu um selinho nessa mulher, para suspiros das mulheres.

Em pouco tempo, descobriram que ela se chamava Katilce Miranda, tinha 28 anos e era bancária em Volta Redonda. Casada, teve que desmentir os boatos de que o seu casamento ou o do Bono tivessem terminado por conta do selinho. Acharam o Orkut dela e o lotaram de scraps, criando o Katchat. Era quase uma rotina, entrar na internet, ver o e-mail, passar no Orkut, checar as informações e deixar um scrap nonsense na página da Katilce. Matérias se referiram a ela e a chamavam de “bela morena”, e olha que ela nem era não.

*Grazie @DadoDoria

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