Debate Filosófico: Quibe é salgadinho?

Para encerra o ano de 2013 em grande estilo, o CH3 promoveu no último sábado a quarta edição da sua série de Debates Filosóficos. Após discutir o voto de silêncio e a formação de padres no Brasil, resolvemos partir para um assunto mais mundano, um tema presente nas ruas do nosso país e que ainda provoca muitas brigas. Afinal, quibe pode ou não pode ser considerado salgadinho?

Como sempre, nosso auditório esteve lotado, com a presença de psicólogos, psiquiatras, piscicultores e representantes da Sociedade Civil Organizada. Na mesa de honra, Jean-Paul Sartre, Pablo Capilé, Romeu Tuma, Alexandre Kalil e Gregório Duvivier. Na plateia, dezenas de ensaístas, médicos legistas e agitadores sociais faziam transparecer o clima de tensão, digno de um jogo disputado em Joinville.

Pai Jorginho de Ogum fez as honras da casa, introduzindo o tema a todos os presentes. Após falar sobre os vários tipos de salgadinhos e sua importância cultural nas confraternizações da família brasileira, Jorginho chegou até o cerne da questão: porque o quibe é tão desprezado? Sim, em qualquer aniversário de criança de quatro anos os quibes ficam empilhados em sua bandeja, enquanto o Pão Italiano já desapareceu.

Eu abri a discussão falando que, sem dúvida, o quibe é o quitute menos apreciado na mesa de salgados. Menos que qualquer empada, croquete, bolinha de queijo, pastel, enroladinho, trouxinha, coxinha, risole ou que sua conterrânea esfiha. Para mim, a grande questão não é nem se o quibe é ou não é salgadinho – creio que não seja – mas sim, porque as pessoas insistem em comprar quibes se eles têm um retorno baixíssimo. Tayane, minha colega de faculdade discordou e se emburrou.

Vinícius Gressana lembrou que, além de tudo, o quibe nem é mais barato e por vezes é até mais caro que outros salgadinhos. Assim sendo, o gestor público que contrate um Buffet e peça o serviço de quibes, deve ser processado por mau uso do dinheiro público.

Então, Jesus pediu a palavra. E no momento em que eu escrevi isso, a Inquisição Espanhola invadiu minha sala. Munidos de tochas e dispostos a me queimar vivo. Demorei um bom tempo explicando que não estava me referindo ao Jesus da história, mas sim a um ex-colega de faculdade e que ele não se chamava Jesus, este era apenas o seu apelido. Disse que não fui o responsável pelo apelido e que desconhecia o responsável.

Sarte não falou nada, porque estava morto
Voltando a reunião, Jesus pediu a palavra. E neste momento, o auditório foi invadido por membros da Inquisição Espanhola dispostos a queimar o local. Precisamos de um bom tempo para explicar que aquele era apenas o apelido do cidadão e como os inquisidores não aceitaram a resposta, ele foi retirado do local gritando que “quibe não é salgadinho, quibe é uma iguaria” e acusou a presença de um lobby antiquibista.

Martin Luther King questionou se não existiria um preconceito contra o quibe e a hipótese foi rechaçada. Tachado de sonhador, King falou que ia às festas apenas para comer o quibe que se acumula na mesa, para espanto dos presentes. Concordou com a hipótese de Jesus e, felizmente, as portas foram trancadas e a Inquisição Espanhola não voltou a nos atacar. Para a ala quibista, o mesmo seria uma iguaria culinária e sua presença entre salgadinhos dalit seria uma afronta.

Zé do Caixão pediu a palavra e começou a contar uma história de terror sobre um quibe recheado com as uvas passas e foi interrompido por Joaquim Barbosa que disse que a história lhe provocou espécie. JB aproveitou e decretou a prisão imediata de quatrocentos deputados da base governista.

Pablo Capilé então pediu a palavra e falou durante quatro horas seguidas, questionando o processo de criação do quibe e a importância de uma economia desmonetarizada e do consumo coletivo dos salgadinhos. Capilé manteve sua lábia magnética sem deixar um único espaço para intervenções. Aos poucos o auditório foi sendo esvaziado por pessoas cansadas e que não esperaram pelo fim do debate para atacar a mesa de salgadinhos (sem quibe) no saguão principal. Lá dentro restávamos apenas eu, Pai Jorginho de Ogum e Albert Einstein cochilando na plateia.

Foi quando começamos a escutar alguns gritos e um corre-corre em volta da piscina. Em um primeiro momento, acreditei que a Inquisição Espanhola tivesse voltado. Engano meu. Na verdade, Hanz, o Pansexual e Sergei, o cantor pansexual que se apresentava em Cuiabá, chegaram até a sede do CH3 fantasiados de pato e começaram a fazer sexo com a mesa de salgadinhos. A polícia foi chamada e os dois foram detidos, não sem antes molestar o cassetete do guarda.
Cão Leproso voltou a correr
Após a confusão o debate foi encerrado, sem uma conclusão, porque Pablo Capilé continuava falando dentro do auditório e a Polícia disse que não poderia interrompê-lo.

Mais tarde, a CBF notificou o STJD de que Capilé foi escalado irregularmente no debate e o CH3 corre o risco de perder quatro pontos, classificando o Fluminense para o Campeonato Mundial.

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