Bem me quer, mal me quer

O chocolate estava em uma capa da revista Veja deste mês. “PODE COMER SEM CULPA” diz a chamada, explicando que a ciência é quem diz isso, ele contém dezenas de substâncias que ajudam a viver melhor e mais saudavelmente. A capa ainda traz uma foto da Marina Silva, mas acredito que a chamada sobre ela não diga nada sobre poder comer sem culpa, ou com culpa.

Não li a matéria, afinal, trata-se da revista Veja. No entanto, acredito que a reportagem fale sobre as novas descobertas da ciência, entreviste alguém que come chocolate todo dia e mantém muita disposição para o trabalho, dê voz aos produtores do chocolate, explique quantos empregos a indústria do cacau gera e culpe o governo do PT pela crise de desabastecimento da área, indo contra a chegada dos cacaueiros cubanos.

O chocolate é um daqueles alimentos que estão sempre sendo discutidos pelos cientistas e eles nunca chegam a nenhuma conclusão sobre o assunto. Por vezes, ele faz muito bem para a saúde, em outras ele é um veneno que mata lentamente, comer chocolate é tentativa de suicídio. Mas o doce proveniente do cacau não é o único nessa discussão. Existem muitos outros alimentos presentes no vai-e-vem da saúde científica. Existem, aliás, aqueles elementos que brigam pelo posto de “vilão da vez” da saúde.

(Muito provavelmente, a matéria da Veja deve explicar que o que faz bem é o cacau, portanto, quanto mais amargo for o chocolate, melhor ele será para a saúde e pior será para o seu prazer).

Açúcar: o açúcar teve um papel fundamental para o desenvolvimento da humanidade, tanto que os países europeus brigavam por terras onde era possível plantar cana de açúcar no período do colonialismo. Também, pudera, antes eles precisavam tirar açúcar da beterraba e imagina o que era tomar uma limonada nessa época. No entanto, seu consumo em excesso também mata. Atualmente, é um dos grandes vilões da ciência. Ultimamente um pouco atrás do sal.

Moral da história: pó branco faz mal.
Sal: O sal também foi fundamental na história da humanidade, tanto que na época do Império Romano os soldados recebiam o pagamento pelo seu trabalho em forma de punhados de sal. Como eles deviam morrer jovens, não tiveram tempo de descobrir a hipertensão, principal problema do sal. No atual momento, o sal ocupa o topo da lista de preocupações das autoridades sanitárias mundiais. Mas, sem ele, seria impossível ser saudável comendo salada.

Café: Sim, o café também já foi base da economia mundial. Muito apreciado pelos insones e por todos aqueles que preferiam estar dormindo, mas tem que ficar acordados, o café já foi um dos grandes vilões da sociedade. O fato é que o café pode provocar até alucinações, problemas nervosos, osteoporose e dentes amarelos se consumido em excesso. No entanto, atualmente o café está sendo melhor visto pela ciência graças ao seu poder antioxidante. Você não enferruja tomando-o.

Vinho e Álcool no geral: A grande questão de todos esses alimentos é que você não deve consumi-los em excesso. O mesmo ocorre com o álcool, que, vocês sabem, se consumido em excesso pode provocar embriaguez, cirrose hepática e caminhadas amnésicas em parques públicos, arremessando objetos contra autoridades públicas e depois acordar na manhã seguinte na casa de pessoas que você nunca viu na vida. Só que no entanto, nos últimos anos o vinho vem sendo tolerado e até estimulado. Uma dose diária seria responsável por melhorar a sua circulação e, quiçá, provocar a vida eterna. Em breve, o uísque deve aparecer como responsável por evitar queda de cabelo.

Ovo: O ovo é o maior mistério da humanidade e é claro que não estou falando aqui daquela polêmica boba entre o ovo e a galinha. Nunca ficou bem claro se o ovo faz bem para a saúde ou não. Ele já foi muito ruim, passou a ser bom, voltou a ser ruim tornou-se tolerável, ficou excelente e depois sabe-se lá. O fato é que a gema seria uma fonte pura de colesterol, e a clara teria albumina, boa para dar energia. Há quem diga que nem colesterol ele tem e outros que afirmam que ele faz peidar muito. Isso é verdade mesmo.

Pão Francês: A taxa de vilania do Pão Francês vem crescendo de maneira exponencial e nós aqui apostamos que em breve ele vai superar o sal no topo da lista de preocupações dos nutricionistas. O problema é que ele tem muito carboidrato e os especialistas recomendam que ele seja consumido sem o miolo. O que, convenhamos é um desperdício. Se for pra comer o pão sem o miolo, é melhor nem comer. Vamos lançar uma campanha pela descriminalização do miolo do pão.

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