Espionagem padrão Obama

A cara de quem sabe
O telefone tocou e eu atendi. Barack Obama estava do outro lado. Ele me disse que o começo desse texto não estava bom e me ligou para trocar uma ideia. Falou para eu prestar atenção em uma vírgula do terceiro parágrafo e aproveitou a conversa para dizer que eu deveria descartar todos os rascunhos salvos no sistema do blog, seu serviço de inteligência não viu nenhuma saída legal para eles. Terminou opinando que minha sala estava muito fria e que eu deveria diminuir a temperatura do ar-condicionado para não pegar um resfriado, afinal, minhas férias estão chegando.

O Obama sabe. Ele sabe que você mandou um SMS malicioso para sua colega de trabalho e depois apagou para que sua esposa não tivesse acesso. Ele sabe o que você tem assistido durante as madrugadas no seu computador. Ele tem conhecimento dos arquivos secretos que você mantém em uma pasta oculta do seu HD. E se pudesse, ele te avisaria que sua senha no Gmail é ridiculamente fácil, crie uma melhor.

O que mais você poderia esperar do homem mais poderoso do mundo? Ele não detém esse cargo apenas porque pode enviar mísseis tomahawk diretamente na dispensa da sua casa. Sim, também é por isso. Mas ele ocupa uma posição privilegiada em que ele sabe de tudo o que acontece no mundo. Ele simplesmente sabe e seu casamento, seu emprego, sua vida estão nas mãos do presidente of the United States of America. Isso é poder.

Não vamos ser tolos. Não foi Barack Obama que inventou a espionagem. Ela existe desde que o mundo é mundo e sempre foi uma questão prioritária para as grandes potencias internacionais. Se você quer dominar o mundo e impor suas vontades mesquinhas a todos os outros países mequetrefes do planeta, você tem que  saber o que eles estão fazendo, se antecipar aos fatos.

O que chocou todo mundo nesse caso é a revelação de que além de espionar empresas e figuras proeminentes do planeta, os Estados Unidos estavam espionando também pessoas normais. Eu, você, seu vizinho, meu vizinho, seu chefe, o Walter centroavante do Goiás. Bem, isso não deveria ser surpresa também. Desde que George W. Bush instituiu o Patriot Act em 2001, o governo americano tem o direito de espionar cidadãos, invadir casas e torturar suspeitos de praticar o terrorismo. Para isso, basta que os agentes definam que você é suspeito. Também é bom que você saiba que seu email e seu telefone não tem sigilo nenhum, independente disso.

Nos tempos de Mata Hari, você também
era espionado. Mas, pelo menos não
ficava na mão.
Para mim, o grande problema nessa história não é a espionagem em si, que sempre aconteceu e sempre acontecerá. O problema é que ela não está sendo bem aproveitada. De quantas coisas a Casa Branca não sabia e não impediu que acontecessem? Tragédias que poderiam ser evitadas com um simples telefonema de Obama ou de um de seus assessores.

O Show das poderosas, por exemplo. Obama sabia que a música estava sendo gravada, provavelmente com microfones escondidos dentro do estúdio. Ele teve acesso aos arquivos salvados digitalmente e as trocas de email que discutiam a estratégia de divulgação. E o que ele fez para impedir que essa bomba caísse sobre os nossos ouvidos? Nada.

Ele poderia ter simplesmente telefonado para Anitta e falado “para com essa merda”. Poderia ter acusado o Brasil de estar produzindo uma arma de destruição em massa, apontado o ato terrorista e ter nos ameaçado com sanções econômicas. Creio que nossas autoridades resolveriam o problema e todos nós teríamos mais qualidade de vida.

O Zorra Total, o programa da Fátima, o sertanejo universitário, a saída do Mano Menezes do Flamengo. O Obama sabia de tudo e não fez nada.

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