A Era dos Drones

Sem dúvida, um mundo mais sorridente
Neste exato momento, você pode estar sendo filmado por câmeras de segurança afixadas no poste da sua rua, ou na parede do seu trabalho ou da sua casa. Talvez, você esteja sendo filmado sem saber por uma equipe de reportagem investigativa e só vai descobrir amanhã, quando todo mundo vai comentar que você apareceu na TV coçando o saco. Talvez, você esteja sendo filmado por um drone.

Olhe ao seu lado. Monitore o ambiente ao seu redor e veja se você encontra alguma mosca, ou algum outro desses insetos voadores. Observe-a parada na parede ou voando cambaleante. Um inseto aparentemente inofensivo, exceto pelo fato de que pode transmitir doenças como dengue, malária, fimose e AIDS. Exceto pelo fato de que agora, esse inseto pode ser um drone e ele pode estar te filmando.

Caso você não saiba, drones são veículos voadores não tripulados. No começo, eles eram mais utilizados como aviões de guerra sem piloto, controlados a distância por algum militar craque no joystick. Os drones são ótimos para a guerra porque você pode mandá-lo para os lugares mais inóspitos do planeta a fim de explodir a cabeça de um árabe, sem correr o risco de perder seu efetivo. “Se morrer, morreu”, diria Ivan Drago. Talvez o Japão tivesse mais sucesso na Segunda Guerra, caso os drones já fossem populares nos anos 40.

Presente pro seu filho
Com o tempo, os drones foram diminuindo de tamanho, ficando parecido com protótipos de aeromodelismo. Modelos que podem não ser tão eficientes para provocar hecatombes nucleares, mas que são ótimos para outra função: espionagem. Um pequeno aviãozinho não tripulado, que voa inocentemente pelos nossos ares armado com uma câmera de vídeo que transmite em tempo real as imagens de áreas secretas dos países inimigos. Se o drone for capturado, não há problema. As imagens já estão salvas em um HD externo do Pentágono.

Claro que o uso de drones não ficará restrito ao competitivo ambiente da conspiração internacional. Logo eles começarão a se popularizar no meio civil e a tecnologia permitirá que os drones sejam cada vez menores. Logo surgirão os modelos em tamanho de avião de papel ou no formato de pombos. Ninguém irá desconfiar daquele pombo parado em cima do muro, até o momento em que comece a chover e o pombo entre em curto-circuito.

Chegará o dia em que os drones serão do tamanho de uma mosca. E aí, a vida será um inferno. Será o paraíso do governo norte-americano, dos casais desconfiados, dos detetives e dos voyeurs extremos, que poderão comprar seu próprio drone para vigiar a vizinha trocando de roupa, tomando de banho e fazendo suas necessidades fisiológicas. Existe tara para tudo no mundo.

Os drones também provocarão mudanças nas reportagens com câmera escondida do Fantástico. O mundo das reuniões secretas ficará profundamente abalado e, sem conseguir promover treinos secretos, Vanderlei Luxemburgo ficará ainda mais acabado enquanto treinador. Evitar a cola em uma prova será praticamente impossível. Os drones também acabarão com o esconde-esconde e com o blefe no pôquer e no truco.

O drone que posou  na sua sopa
Será um mundo em que ninguém se sentirá a vontade para trocar de roupa ou ficar pelado. A taxa de fecundidade do planeta irá despencar, assim com o número de pessoas infectadas com doenças venéreas. A prisão de ventre se transformará no mal do século e os fabricantes do Activia investirão fortunas nas novas tecnologias de fabricação e transmissão de dados dos drones.

Será preciso frear o crescimento acelerado dos pequenos espiões. Os países irão criar as suas leis regulamentando o uso de drones, mas nós sabemos que isso não vai adiantar nada. A NASA precisará desenvolver uma antena que bloqueia a transmissão de dados entre drones, mas isso afetará profundamente o mercado das telecomunicações. A ONU precisará intervir, criando protocolos de desdronização.

Porque em boca fechada, não entra drone.

Grazie @DadoDoria

Comentários