A Regra é Clara

Pio XII, pacata cidade no centro do Maranhão com 22.016 habitantes, foi o palco do fato futebolístico da semana. Um fato que eclipsou a conquista brasileira na Copa das Confederações, a volta do Campeonato Brasileiro ou o jogo entre Cuiabá e Santa Cruz.

Tudo começou quanto o volante Josemir Abreu desferiu um violento carrinho no atacante adversário. Diante da entrada, o juiz Otávio Catanhede não hesitou e decidiu expulsar Josemir de campo. Inconformado com a atuação do árbitro, Josemir passou a desferir socos e pontapés em Otávio, que novamente não hesitou. Retirou uma faca que ele guardava na cintura e a introduziu na barriga de Josemir, que não resistiu aos ferimentos e morreu. A torcida não gostou nem um pouco do que viu e invadiu o gramado para tirar satisfações. O juiz Otávio foi então agredido e apedrejado até a morte, seus restos mortais foram serrados e sua cabeça foi presa em uma estaca.

A morte sempre esteve presente na história do futebol, apesar de, ao contrário do MMA, esse não ser o objetivo principal. Inúmeros jogadores já morreram dentro de campo, vítimas de problemas cardíacos ou cotoveladas. Milhares de torcedores já caíram da arquibancada, foram esmagados contra as grades ou mesmo baleados. Mas, desde que os ingleses inventaram o esporte, jamais foi registrada uma situação assim.

Consultamos nossos especialistas em arbitragem e chegamos a conclusão de que o lance foi totalmente irregular. O STJD tem como obrigação interditar o estádio onde o fato de desenvolveu por falta de segurança. Josemir também dever ser fortemente punido pela agressão ao árbitro, sua morte não pode ocultar sua culpa. Quanto ao juiz desmembrado, tudo dependerá da análise das imagens, para saber se ele errou ou acertou ao aplicar o cartão vermelho da discórdia. Caso tenha errado, passará por um período de reciclagem.
O juiz perdeu a cabeça

Vamos por partes.

O jogador Josemir errou ao aplicar um carrinho no adversário. O carrinho é uma jogada perigosa que deve ser utilizada como último recurso, porque pode machucar o adversário. Uma jogada é passível de exclusão da partida.

Não sabemos se o árbitro Otávio Catanhede acertou ao aplicar o cartão vermelho, porque não temos a imagem da entrada de Catanhede. No entanto, é um lance de interpretação e não pudemos julgar o árbitro que agiu no calor do momento.

Josemir errou ao partir para a violência contra o apitador. Agredir o árbitro não faz com que ele volte atrás na sua decisão e ainda pode acarretar em pena de seis meses de suspensão dos gramados.

Otávio também errou ao tirar uma faca da cintura e enfiar na barriga do seu oponente na luta. Juízes não devem entrar armados em campo e não se deve trazer facas para uma briga de socos. É antiético.

Da mesma forma, os torcedores falharam ao matar o juiz a base de pauladas e depois promover seu esquartejamento. Todos nós sabemos que em situações de descontrole, a população tende a praticar linchamentos sumários e, deste ponto de vista, matar alguém a base de pedradas ou pauladas coletivas não deixa de ser um ato expressivo e tradicional. No entanto, o esquartejamento foi desnecessário. Decepar as pernas e os braços de alguém é uma atitude difícil e que exige o uso de ferramentas específicas, demonstrando que os esquartejadores já foram para o jogo preparados para matar. Trata-se de crime premeditado.

Já a cabeça na estaca é uma imagem forte e que passa uma mensagem certeira. No entanto, talvez por desconhecer a história, os assassinos do juiz não jogaram sal grosso na sua casa e tampouco espalharam seus membros pela cidade, para dar visibilidade ao ato. “Um esquartejamento amador”, garantiu Jack the Ripper.

Comentários