Guia CH3: Como atuar legitimamente e ordeiramente nas manifestações

Todos os dias as notícias são as mesmas. Milhares de pessoas que manifestavam seus direitos de maneira cívica, pacífica e ordeira, são atrapalhados por uma pequena minoria de vândalos, baderneiros, criminosos que vandalizam o ato e provocam cenas de caos e confusão. Pessoas que atiram pedras em prédios, saqueiam lojas, destroem o patrimônio público, passam a mão na bunda de velhinhas, estupram cachorros, defecam em praça pública e se besuntam em chorume.

Isso está errado. Esse Guia é feito para que você não se comporte como esses bárbaros que urinam em lixeiras, derrubam postes, assaltam carros fortes, jogam papel nos bueiros e coçam o toba e cheiram o dedo. Vamos preservar o caráter legítimo e constitucional das manifestações.

As ocupações urbanas reivindicatórias estão se transformando. As pequenas caminhadas de outrora se transformaram em longas marchas, verdadeiros atos contra o sedentarismo, que exigem preparação física, psicológica e logística. Veja o caso de Cuiabá, em que manifestantes pensam em um trajeto de 30 km entre o Trevo do Lagarto e a sede do poder legislativo.

Numa situação dessas é preciso pensar nas vestimentas. De preferência a roupas leves que permitam a evaporação do suor e use tênis confortáveis, que não apertem os dedos. Se o trajeto for de natureza Off Road, calce suas botas e proteja contra os insetos e animais peçonhentos. Equipe-se com lanterna, bússola (marque a direção do parlamento) e canivete. Lembre-se de não usar o canivete para perfurar olhos de autoridades, extrair vísceras de policiais ou outrem. O canivete deve ser utilizado para fins pacíficos, como desobstruir o caminho e obter alimentos, caso a expedição se perca na selva.

Uma preocupação que todos precisam ter é com a hidratação. O corpo perde muita água durante os percursos e é fundamental repor os líquidos. Separe sua garrafinha de água ou isotônico, que também repõe os sais minerais. Se possível, leve uma banana, rica em potássio. Lembre-se, no entanto, de jogar a casca da banana no lixo, evitando acidentes. Os organizadores difusos do manifesto podem contribuir, criando pontos de distribuição de água para os participantes.

A preparação física e mental é essencial para conseguir manifestar sua civilidade. Vários protestos tem passado por trechos de ladeiras íngremes, um teste para o fôlego. Em Cuiabá, o ponto mais crítico é na Avenida do CPA próximo ao viaduto da Miguel Sutil. Hora de manter a concentração mental e segurar a respiração para enfrentar as câimbras e dores musculares para superar esse desafio. Atente-se a frequência cardíaca.

Outro desafio a ser superado é o logístico. O ideal é que você vá até o local do protesto se utilizando dos meios de transporte público, mas nem sempre o transporte público vai até o local do protesto. Se você for de carro, certifique-se de estacioná-lo em lugar seguro ou se o mesmo possuí seguro, porque ele poderá ser queimado por vândalos. Se você for de carro, prepare-se também para percorrer o longo caminho de volta. Se preferir, combine com o seu motorista particular um ponto de encontro.

Tomadas essas precauções é hora de se preocupar com o conteúdo do protesto. Como todos nós sabemos, a causa é livre. Compre uma cartolina, ou reaproveite alguma utilizado em um trabalho escolar sobre a Idade Média. Capriche na letra, porque de nada adianta um protesto ilegível. Entre os temas em voga estão a Educação, Saúde, Transporte Público, Reforma Política, Corrupção, Segurança, Copa do Mundo, Conflitos no Oriente Médio, Sertanejo Universitário, privacidade no Facebook, Cura Gay, liberdade sexual, Escola de Frankfurt e a crise de representativade dos partidos políticos em um cenário pós-moderno. Se você não tiver uma ideia, copie alguma do Facebook ou site especializado.

Evite ofensas públicas – porque depois você poderá ser processado. Evite arremessar pedras em vidraças, evite ingerir suas próprias fezes, use camisinha e exerça a cidadania conscientemente.

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