A Preguiça

Se fossemos olhar no dicionário, aposto que a palavra preguiça teria uma série de significados. Seria ela um adjetivo, um substantivo, advérbio, predicado? Poderíamos dizer que a preguiça é um desejo, um sentimento ou um defeito? Seria ela um mamífero da ordem Xenartha, com garras e pelos longos, que vive em florestas tropicais da América latina e se locomove lentamente?

Não sei. No dicionário nós teríamos inúmeras respostas e mesmo na internet nós teríamos uma série de resultados. Professores nos dariam explicações, padres ofereceriam conselhos espirituais e pipoqueiros nos ofereceriam a mais saborosa e salgada pipoca. Mas, estou com preguiça de pesquisar.

A preguiça é aquele sentimento de que não vale a pena fazer isso porque vai ser tão trabalhoso… Pintar o teto da capela sistina, fazer a sua monografia, montar um quebra-cabeça, ir até o supermercado comprar comida, cortar as unhas, levantar da cama, abrir os olhos… A preguiça sempre está acompanhada de reticências.

Temos preguiça porque temos certeza de que haverá tempo suficiente para fazer depois o que deveríamos estar fazendo agora. Sabemos que a vida é muito longa e sempre dá tempo de se fazer tudo. No entanto, a vida é curta demais para se perder tempo fazendo coisas que não precisam ser feitas neste exato momento.

A preguiça pode bater a sua porta em qualquer momento. Pode ser ao se deparar com esse texto, ao se deparar com a lista de pessoas que você tem que convidar para uma festa, quando tiver que arrumar seu armário ou ocultar o cadáver da sua amante que engravidou acidentalmente e ameaçou levar o caso a justiça.

Duvido que exista alguém que jamais tenha sentido preguiça. Enquanto pintava a Mona Lisa, em algum momento Leonardo da Vinci deve ter pensado em jogar os pincéis para o alto e dizer “cazzo, non sto ottenendo nulla fuori di esso. Io ascolto un po 'di musica”. Michael Phelps deve ter pensado em apertar o soneca do despertador para dormir mais um pouquinho, em algum dos 363 dias anuais em que ele nadava quilômetros em busca de recordes.

Observe, a preguiça é um direito natural do homem. Todos tem o direito de postergar seus deveres para um pouco mais tarde em troca de alguns minutos de ócio. Se o Phelps teve, você pode ter. Com certeza as atendentes de telemarketing pensam em desistir quando vêm a lista de metas que tem a cumprir. Bem, pensando bem, esse direito não deve ser aplicados a médicos, socorristas e bombeiros porque seria uma puta sacanagem.

Agora mesmo, antes de postar o próximo parágrafo, eu irei ver um vídeo no Youtube. E não sei se irei voltar.

Comentários