O Caso Dudu (tá leeeindo)

Dudu aparenta ter uns três anos e está no banco traseiro de um automóvel que, aparentemente, faz um tour por todas as agências da Caixa Econômica do país. A cena, aparentemente normal, é mostrada todos os dias na televisão nacional em uma propaganda de uma poderosa instituição financeira do Brasil.



Tal qual o lendário Caso Pedrinho, nós do CH3 acreditamos que essa cena mostra o desgaste das relações familiares na pós-modernidade. Analisemos cada um dos personagens.

Dudu
Dudu está descobrindo a maravilha que é juntar códigos e conseguir interpretá-los. Ou não, não podemos negar a hipótese de que ele esteja apenas associando a logomarca com aquela que ele assiste na televisão. Pela maneira como ele é tratado com indiferença pelos seus familiares, temos a impressão de que ele é deixado sozinho em casa, criado pela TV. Fora isso, sua família é claramente obcecada pela Caixa. Em seu trajeto até o trabalho você passa por quantas agências da Caixa? Umas três? Como eles conseguem passar por tantas em apenas uma quadra? Após ser notado, ele explode em uma repetição catatônica da palavra “caixa”. Deve ser examinado por um médico, para receber um diagnóstico.

Irmã do Dudu
Um pouco mais velha, está claramente entediada com aquele passeio em família. Ela preferiria ficar em casa assistindo Jonas Brothers e por isso permanece o tempo todo com fones de ouvido escutando alguma música de menina. Mas, epa, na hora que seu celular é mostrado, vemos que ela está usando algum aplicativo da Caixa! Isso não é normal. Os pais deveriam abrir o olho, porque ela provavelmente será uma futura estelionatária. Ou será que ela fica escutando a musiquinha do banco (vem!)? Além disso, temos a clara impressão de que no futuro ela sairá gritando pela casa todos os atos impróprios do Dudu, X9 que é. Com sorte, ela irá se curar do sotaque carioca forçado.
Moral da história: mais legal do que ler, só saber que os outros leem.

Mãe do Dudu
Claramente sofre de uma eterna depressão pós-parto. Está infeliz no seu casamento e com seus filhos. Tudo o que ela queria é que essas crianças calassem a boca, mas infelizmente o maldito Dudu não para de falar e ela só pode disfarçar seu sofrimento com um sorriso bobo no rosto, enquanto vê as pessoas andando na rua. Se não fosse pelo espanto de sua filha, ela seria incapaz de perceber que o Dudu estava lendo. Mesmo se ele estivesse recitando versos de Drummond ou com um exemplar de O Capital em seus braços. No final, junta as mãos em sinal de agradecimento aos céus. Seu filho talvez sirva para alguma coisa.

Pai do Dudu
O cidadão mais infeliz dentro daquele carro. Frustrado, sua única diversão é andar pela cidade passando em frente as agências da caixa econômica. Quando percebe que Dudu está lendo, ele faz alguma cara de “legal”, mas logo engata a primeira e arranca do semáforo. A vida é assim. Um semáforo, o Dudu aprende a ler, outro semáforo, alguém morre, alguém sorri, alguém sofre, alguém chora, outro semáforo. Só nos resta seguir em frente.

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