Debate Filosófico: pontificado brasileiro

Não há como negar que o grande assunto da semana foi a posse do novo papa. O argentino Jorge Mário Lobo Zagallo, digo, Bergoglio, assumiu o pontificado e passará a ser conhecido como Francisco I. Sua eleição frustrou milhares de brasileiros que se uniram em praças públicas para torcer pela nomeação de um papa brasileiro. Mas, não foi dessa vez que a maior nação católica do mundo ganhou o seu papa próprio.

O CH3, sempre na vanguarda da informação, resolveu convidar ilustres pensadores para discutir a questão, dando sequência a nossa épica série de debates filosóficos. Nosso anfiteatro esteve lotado novamente, com a presença de ensaístas, trapezistas, ortopedistas, canoístas, teólogos, astrólogos, filólogos e membros da juventude bolchevique.

Após uma breve vinheta de edição acelerada ao som de uma música instrumental, Pai Jorginho de Ogum, o líder espiritual do blog, passou a comandar os trabalhos. Sem demais delongas, ele fez o questionamento: “porque a Igreja jamais nomeou um papa brasileiro em quase 2.000 anos de existência?”.

O ex-técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Mano Menezes, disse que o problema está na formação de novos padres. Segundo ele, o Brasil não tem investido o suficiente nas categorias de base e o resultado é sentido pela atual geração. Mano ainda completou seu raciocínio, dizendo que é urgente a reformulação dos nossos seminários e um estímulo maior aos coroinhas. Ele defende uma padronização deste trabalho, para que tenhamos a volta do jeito brasileiro de rezar uma missa.

O biólogo Richard Dawkins, contra-argumentou dizendo que Deus era um delírio e, sendo Deus um delírio, logo Jesus seria outro delírio e a Igreja Católica também seria um delírio. Rafinha Bastos riu e perguntou se o debate também seria um delírio. Algumas pessoas riram brevemente e René Descartes levantou a mão dizendo que tinha a resposta para esse questionamento, mas não foi levado a sério.

Diogo Mainardi questionou o pensamento em questão e lembrou que o Brasil existe há apenas 500 anos e que a Igreja ainda é uma instituição relativamente nova no país. Ele afirmou que a Revista Veja tem provas cabais de que o PT teria influenciado a eleição do papa argentino em um esquema com a presidente Cristina Kirchner, que teria como objetivo promover o socialismo na América Latina. Hugo Chávez levantou a mão e esbravejou contra os impropérios ditos pelo filho da imprensa burguesa. Chávez só se acalmou quando foi lembrado de que está morto desde a semana passada.

Sempre polêmico, Rubinho Barrichello atribuiu a derrota do brasileiro a perseguição internacional contra os tupiniquins. Ele afirmou que Dom Odílio era apenas um brasileirinho no meio disso tudo e que os alemães estão prejudicando nossos conterrâneos desde o Grande Prêmio da Áustria de 2001. Confiante, Rubinho garantiu que este ano o título da Stock Car não lhe escapará.

A blogueira Yoani Sanchez tentou emitir alguma opinião sobre o assunto mas foi constantemente impedida pelos membros da juventude bolchevique. Antes do encontro, eles divulgaram uma nota informando que repudiariam toda e qualquer manifestação desta porca capitalista e negaram que seu líder fosse Bruno de Lucca. Era apenas alguém muito parecido, mas que logo irá fazer uma cirurgia plástica para corrigir este erro da natureza.

José Wilker levantou a mão e argumentou que os argentinos não estavam na frente apenas nos quesitos episcopais. Ele lembrou que os hermanos têm o melhor jogador do mundo e que também ganharam o Oscar primeiro. “Os argentinos tem um cinema muito melhor que o nosso”, disse. Rubens Edwald Filho contestou a afirmação do colega e lembrou os grandes filmes nacionais que estão na sala de cinema, como Tainá e De Pernas pro Ar 2. Edwald ainda argumentou que a falta de um Oscar para o Brasil é fruto do preconceito dentro da Academia. Rubinho Barrichello gritou “eu disse!”.

Dom Pedro acredita
no poder do
trabalho
Jorginho de Ogum tomou a palavra novamente para perguntar se o Brasil terá um papa algum dia. Dom Pedro I afirmou que sim, Dom Pedro II que não, José Wilker disse que sim, visto que ainda há muito tempo para tudo acontecer e Richard Dawkins voltou a falar que tudo não passava de um delírio, Messi marcou dois gols e Neymar se jogou na grande área pedindo pênalti, alegando ter sido estuprado pelos adversários. Incitado a dar sua opinião, Jorginho de Ogum revelou que o mundo acabará antes desta data.

Trabalhos concluídos, tocamos o alarme de incêndio para facilitar a evacuação da área. Nosso anfiteatro já estava reservado para uma palestra de Quentin Tarantino. Ele, aliás, gostou do debate e disse que pensará em um roteiro sobre um papa brasileiro que enfrenta a tirania internacional para chegar ao poder.

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