E se a vida fosse como um filme pornô?


*Texto em homenagem ao nosso colaborador Roberval.

Muitas pessoas imaginariam que viver em um filme pornô seria uma espécie de sonho. Uma espécie de parque de diversão para adultos, em que ao invés de se andar de montanha russa e roda-gigante, você faria sexo o tempo inteiro com mulheres esculturais e insaciáveis. Uma Disney sem Mickeys gigantes. Mas, nem tudo seria tão perfeito assim.

Em um filme pornô, as pessoas fazem sexo o tempo inteiro, sem qualquer pretexto. Não precisa ter pintado um clima, uma vontade. As coisas simplesmente acontecem. Um homem e uma mulher sozinhos já é o suficiente. Ou duas mulheres e um homem, dois homens e uma mulher, três homens, uma mulher, um anão e um cachorro. Enfim, numa vida assim, você viveria algumas situações chatas.

Você chegaria em casa e, invariavelmente, encontraria sua mulher na cama com outro cara, provavelmente um negão superdotado que foi cortar a grama. E ao invés de ficar revoltado com a situação, dividido entre a vontade de pegar uma arma, dar um tiro na mulher, outro no amante e mais um em você, ou, chamar seu irmão para uma dupla sertaneja, você simplesmente tiraria a roupa iria para o bacanal. Isso aconteceria com uma frequência enorme. Se você tivesse o azar de estar num dia de filme bissexual, o negão bem dotado iria te comer e você ainda ia gostar.
Nesse caso, ia ocorrer um bacanal

Uma simples consulta no médico seria um problema, porque terminaria com sexo. A consulta poderia não ser de toda ruim, mas o tempo de espera seria alarmante. Também seria desagradável ser atendido por uma dentista, sem ter certeza de onde estava a sua mão poucos minutos antes. Onde aqueles objetos todos passaram.

Com certeza seria mais difícil cumprir seus horários. Pois você estaria ocupado fazendo sexo com a sua empregada, com a menina que você encontrou na academia, que você encontrou no ponto de ônibus. E nada de apenas mulheres esculturais. O mercado pornô atende a uma grande diversidade de fetiches.

Para as mulheres, a situação também não seria fácil. Creio que não seria legal viver em um mundo no qual você está sempre sem calcinha e que todos, eu disse, todos os homens irão te comer. O limpador de piscina, o entregador de pizza, o motoboy da farmácia, o vizinho, o mecânico, um de cada vez ou ao mesmo tempo. Um mundo em que passar na frente de dois caras sentados num banco é um convite para o gangbang.

O mundo dos filmes pornôs seria também um mundo mais inseguro. Um mundo de ruas vazias, locais vazios. Você vai deixar os documentos em uma repartição pública e no lugar existe apenas uma secretária sem calcinha. A mulher vai ao bar onde está apenas um garçom tarado. Um mundo em que poderia ocorrer uma explosão da violência. E, para piorar, seu cadáver ainda seria estuprado, esquartejado e estuprado novamente. Eu falei que o mercado pornô atende a uma grande diversidade de fetiches.

O mundo dos filmes pornôs seria um mundo em que todo programa termina em sexo. Um cineminha, uma sinuquinha, uma caminhada no parque, uma passada na drogaria para comprar os remédios de hemorroida da sua avó, o comercial do Activia. Um mundo cheio de doenças venéreas. Seria antes de qualquer coisa, um mundo no qual nós precisaríamos olhar bem para o lugar em que nos sentamos.

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