Vivendo de Luz

Samambaias: um exemplo
Cada vez mais, eu escuto histórias sobre pessoas que decidiram viver de luz. Sim, pessoas que não comem nada, não bebem nada e vivem apenas da luz e do ar. Pessoas que podem ter uma vida chata, mas que pelo menos economizam um bom dinheiro com restaurantes e papel higiênico.

Quando se fala de seres que vivem de luz eu lembro de uma vez, há muitos anos atrás, quando um destes cidadãos iluminados foi entrevistado pelo Jô Soares. Sua entrevista provocou polêmica no meio médico e um nutricionista foi até o programa dizer que aquilo era uma farsa. Eu imaginei que a solução para o impasse seria a criação de um Big Brother Iluminado. Mentira, naquela época ainda não existia o BBB, mas, que fique aqui a minha sugestão.

Dia desses, eu estava conversando com um amigo meu, interessado em se transformar em um luxfago, sobre como seria a rotina de uma dessas pessoas. Convenhamos, deve ser muito diferente de uma vida comum.

Como será o dia em que uma pessoa decide viver de luz. Será que ela acorda e pensa “a partir de hoje eu vou viver só de luz” e olha com desprezo para aquele pão fresco disposto sobre a mesa do café? Como que é comunicar isso para a família? Para os amigos?
- E ai vai uma carninha?
- Não, obrigado, eu não como.
- Virou vegetariano?
- Não, eu não como nada.

De onde concluímos que a ida de uma dessas pessoas até um rodízio não deve ser das melhores.
- Tem preferência de lugar?
- Perto da janela.

Imagino até, que alguém deveria investir neste ramo do mercado, criando o primeiro restaurante especializado em alimentação a base de luz.
- O que vocês vão querer?
- Uma daquelas pulseirinhas iluminadas de tira-gosto.
- Ótimo. Vão querer um prato principal? As lâmpadas incandescentes estão ótimas hoje.
- Queria algo mais leve, tem uma fluorescente? Talvez um neonzinho.
- Acho que você vai gostar do nosso led.
- Pode ser.
Mulher-samambaia: pioneira?
- E para senhorita? Vai querer Halógena?
- Olha, eu prefiro algo mais natural. Tem isqueiro?
- Tenho.

Pessoas que se alimentam de luz também podem passar por situações constrangedoras durante um jantar romântico.
- Vou cozinhar para você hoje, amor. O que você vai querer?
- Ah amor, pode ser alguma coisa que você gosta.
Mais tarde
- Olha, jantar a luz de velas! Que romântico!
- Gostou?
- Gostei! Mal posso esperar pra ver qual é o prato.
- Como assim? O jantar é a luz das velas.
- Ahn?
- Não gostou? Claro né, nunca está bom para você mesmo.

Creio que as pessoas que se alimentam de luz deveriam ser treinados pelo exército. Com um exército assim, o país não precisaria racionar seus suprimentos para manter a guerra. Bastaria um carro com teto solar. À noite, os faróis também poderiam deixar os soldados bem alimentados. O problema, é que eles teriam dificuldades para superar os russos, tal qual Hitler e Napoleão.

Os iluminados tem a sorte de não precisarem levantar a noite se estiverem com fome, basta fazer uma boquinha no abajur. Eles não precisam tirar um horário para o almoço, creio que seriam muito mais eficientes no trabalho. Imagino que eles possam dominar o mundo. Desde que a máfia da comida não crie um boicote internacional.

Grazie, @gutopera

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