Autocitação Sertaneja

Morreu na contramão atrapalhando...
... O Chico Buarque
Em tempos remotos nenhuma banda minimamente séria colocava o seu próprio nome em uma música. Bem, o artista até poderia estar lá, desde que ele fizesse parte do contexto da letra. Mas, jamais existiu algo como “All You Need is Love… With The Beatles” ou ainda “Eu deixo a onda me bater, no Renato russo, e o vento vai levando tudo embora”. Não, isso não existia.

A autocitação nas canções devem ter surgido com a Axé Music, sempre ela. O Chiclete com Banana coloca pelo menos uma referência ao chiclete, ou a banana, ou ambos em todas as suas canções. Havia também É o Tchan. Mas o Tchan transcende toda e qualquer classificação de nossa vã filosofia. Ah, e ainda tinha o Charlie Brown Jr, mas, no caso deles, aquilo me parecia um tique nervoso.

Por outro lado, nós temos que reconhecer que o ser humano sempre teve um fascínio pelo seu próprio nome. Escutar o seu nome em algum lugar público causa um prazer extremo e em alguns casos, o cidadão chega até a se masturbar. Psicólogos também citam que as pessoas se fascinam pelas suas próprias fezes, a sua obra prima. Pois, merda e nome se encontram na música sertaneja contemporânea.

Reação de Freud a 2 Girls 1 Cup
João Lucas e Marcelo querem tchu e querem tcha. Gustavo Lima vai rolar no tchetcherere com você. Outros dois viadinhos querem o baraberê. Já o Israel Novais arrebenta na Dodge Ram. Um terceiro joga as gatas no fundo da Fiorino e o Nissim gosta de Friends e Big Beng. Atualmente, toda e qualquer pessoa que se denomina artista sertanejo, coloca o seu nome aleatoriamente em suas canções.

Veja aquelas duplas antigas que descreviam o seu trabalho no campo, suas atividades rotineiras e o amor não compreendido por uma mulher que se casou com outro e teve três filhos, deixando o caipira perdido na cidade grande. Eles não citam seus nomes nas músicas. Assim como Chitãozinho não acusava o fio de cabelo comprido de estar preso no suor do paletó do Xororó. Porque os cantores atuais quebram a tradição do anonimato sertanejo?

Porque? Porque?
A qualidade da produção musical interpretada por Michel Teló e companhia beira o zero. A música destinada às massas acéfalas está tão ruim que, tocadas em sequência, elas se assemelham a uma grande massa compactada de bosta. As fórmulas, melodias e trejeitos são tão semelhantes, que você não saberia dizer quem está cantando cada coisa. Assim sendo, colocar o nome no meio da bosta e a única forma de torná-la identificável para o grande público.

Há também, de se prestar atenção no fato de que música sertaneja, tal qual a Axé Music, funciona numa espécie de Creative Commons em que todo mundo canta a música de todo mundo. Nessa verdadeira suruba escatológica, é preciso colocar o seu nome ali para que a pessoa busque exatamente você e não outro cantor que tenha feito uma versão igualzinha a sua.
A baleia e você tchetcheretechetechrehtchethrehcherhtcsh

Por último, o CH3 volta a lembrar que as autoridades responsáveis precisam fazer algo para impedir que o sertanejo universitário continue avançando. Percebemos que a ciência não tem trabalhado para a criação de agentes que inibam o crescimento da praga e tampouco as forças de segurança tem atuado para aniquilar esse mal-estar da civilização.

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