Churrasquinho, Salgadinho


Eu cresci escutando a lenda de que existia um pasteleiro no Rio de Janeiro que fazia pasteis com ração de cachorro. Era um pastel delicioso, com um sabor ímpar, cujo gosto especial deveria estar em um elemento X, tal qual a Coca-Cola. Até que um dia a Vigilância Sanitária ou a KGB, não sei, descobriu o segredo: era ração de cachorro. Imagino a reação dos fieis fregueses descobrindo que comiam comida de cachorro.

Assim como existe a lenda urbana, talvez apenas uma piada, sobre o churrasquinho de gato. Churrasquinho de gato já virou um nome genérico para todo espetinho de rua, assim como todo Bombril é esponja de aço. Mas, e se um dia as pessoas descobrirem que elas comeram espetinho de gato de rua, o que elas pensariam? E o que pensariam ao descobrir que comeram um espetinho de gente?

E aqui eu não falo do churrasquinho de mãe, da imortal música de Teixeirinha. Falo de carne de gente de verdade mesmo. E pra ser mais preciso, não era exatamente churrasquinho, mas sim salgadinhos. Salgadinhos feitos à base de carne humana.

Falo da surreal história que aconteceu em Garanhuns na semana passada. Um trio foi acusado de matar mulheres em rituais macabros, beber o sangue das vítimas e se alimentar da carne. Depois, eles utilizavam as carnes, por assim dizer, nobres, para rechear empadas e coxinhas.
Pensa bem, não existiria uma foto de mínimo bom gosto para esse post

Boa parte do crime não deve ser original. Os três atraiam mulheres, oferecendo emprego. As mulheres apareciam e então eram mortas a facadas e esquartejadas. Imagino que vários psicopatas ao redor do mundo já tenham feito algo parecido. Então, era a hora de beber o sangue das vítimas e se alimentar com a carne das mulheres durante quatro dias. Provavelmente, eles mataram oito mulheres assim.

Essa parte da história já é suficientemente macabra, mas até aí, o problema era deles. Digo, era a perversão deles, o crime deles e eles devem responder brutalmente por isso. Mas, eis que entra o fator coxinha. E isso é o que é realmente perturbador.

Porque? Porque eles precisavam fazer recheio de salgadinho da carne das vítimas? Não podiam ter simplesmente matado, comido e enterrado? A crueldade já estaria feita, mas a parte de utilizar a carne das nádegas para fazer recheio de empadinha e, ainda por cima, vender o salgadinho na rua é sacanagem. Muita sacanagem. Precisava transformar o defunto em coxinha de rodoviária? Que fim é esse?

E os coitados que comiam o salgadinho na rua? Um hábito normal, o cara achava que estava lá, comendo uma empadinha de carne, numa boa. E então descobre que aquele recheio era feito com a carne da sua vizinha. Não creio que 2012 vá produzir uma história mais perversa do que essa. Aliás, mais do que não crer, espero que isso não aconteça. Talvez Tim Burton consiga pensar em algo mais doentio.

Parafraseando Paulo Maluf, esquarteja mas não faz salgadinho.

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