Experiências de quase morte

A notícia correu o mundo na semana passada. Um inglês, nascido na Inglaterra, que era jogador de rúgbi sofreu um Acidente Vascular Cerebral. Ao acordar, ele descobriu ser gay. Antes ele era um praticante de um esporte viril, bebia cerveja com os amigos e fazia comentários libidinosos sobre mulheres. Quebrou o pescoço, teve o AVC e passou a observar os braços do médico que o atendia. E virou cabeleireiro.

Segundo o cidadão, conhecido como Chris Birch, foi tudo automático. Ele diz que na hora em que acordou no hospital, percebeu que era definitivamente gay. Algo estranho. Será que na hora que ele acordou ele disse: (trecho censurado pela polícia politicamente correta).

Em toda a Grã-Bretanha, em todo o Brasil e em todo o mundo as reações foram unanimes. Pessoas riam de Birch. Olhavam para seu caso e diziam “bichona enrustida! Que desculpinha que arrumou pra dar a bunda!” ou ainda “ah, achou que ia morrer e resolveu se revelar para não ficar com peso na consciência! Baitola!”. No entanto, casos como o do ex-jogador de rúgbi não são inéditos.

Experiências de quase morte intrigam a ciência há tempos. Existem diversos relatos de pessoas que sofreram paradas cardíacas, ou que estavam em coma, e que dizem se lembrar de sair do corpo. De flutuar e ver os médicos ao seu lado, a família chorando do lado de fora, o taxista dormindo no ponto de táxi da esquina, o vendedor de picolé do outro lado da rua saindo do banheiro sem lavar a mão.

Tais relatos, é claro, também despertam a ira dos céticos de plantão. Que começam a quebrar mesas e bradar palavras de ordem. Mas enfim, a verdade é que existem diversos relatos de pessoas que mudaram seu comportamento incrivelmente após ter essa experiência de quase morte. Seria o choque traumático da experiência? Alguma alteração física? Ou uma desculpa de viado? A resposta, no próximo Globo Repórter.

Consultamos ele, Alfredo Humoyhuessos, o cientista e flautista mágico colombiano. A enciclopédia viva. Perguntei a ele como é que se escreve o seu sobrenome, porque eu sempre confundo e escrevo de qualquer jeito. Ele me respondeu, mas eu já esqueci.

Ele começou a citar vários casos presentes na literatura médica e na literatura maldita. Contou de um cidadão que costumava a espancar mendigos, sofreu um AVC, passou sete dias em coma e na volta a vida descobriu que era gay. Citou de um pedreiro que tinha dezenove filhos, um tijolo caiu na sua cabeça e ele sofreu um AVC. Após vários dias em coma ele descobriu ser gay.

Perguntei qual era a relação entre sofrer um AVC e virar gay. Ele me respondeu com duas palavras em um sotaque castelhano que jamais havia percebido “imprensa inglesa”. De fato fazia sentido. Creio que 80% das notícias bizarras do mundo foram noticiadas pioneiramente pela imprensa sensacionalista britânica. Casais que se vestem de cachorro, homens que engolem baratas vivas. Sempre no Daily Mail.

Será que a Inglaterra é um país mais propício as bizarrices? Será que os jornalistas que pedem para que deus salve a rainha tem um faro melhor para esse tipo de notícia? A resposta no próximo Globo Repórter.

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