Rock in Rio (ô ô ô)

A quarta edição do Rock in Rio, no Rio, terminou no momento em que Axl Rose deixou o Palco Mundo, após seis horas de apresentação. Todos passaram a esperar a quinta edição do Rock in Rio, no Rio, marcada para 2013. Dizem que os ingressos já estão a venda. São dois anos para se esquecer uma verdade dolorosa: O Rock in Rio é um festival fracassado e tão ilógico que chega a ser nonsense.

Começamos pelo fato de ser o Rock in Rio, no Rio. Teoricamente já era pra ser o Rock no Rio. Mas, com a desvalorização do real no começo do século, os organizadores resolveram realizar o Rock in Rio Lisboa, depois o Rock in Rio Madrid. Afinal, Rock in Rio era uma marca universal, que só voltaria as origens com a queda do dólar.

Na primeira edição do Rock in Rio Lisboa, uma noite teve apresentações de Britney Spears e Daniela Mercury. Num momento irônico da história, o Rock in Rio não foi nem Rock, nem in Rio.

A edição in Rio é intermitente. A primeira é de 1985, a segunda de 1991, a terceira de 2001, a quarta de 2011. Existem festivais ao redor do mundo que são realizados anualmente há mais de 40 anos. O Rock in Rio só acontece quando o momento é favorável na cabeça dos produtores. É um festival do hiato.

Agora pensemos nos Rock in Rio, in Rio. Sempre que o festival é lembrado nas televisões, há apenas uma cena a ser mostrada. Freddy Mercury regendo 300 mil pessoas que cantavam Love of my Life em 1985. As edições posteriores podem até ter contado com bons shows, mas nada que tenha ficado para a história.

E não há nada de errado em não ficar para a história. Mas a imagem que o Rock in Rio Rio quer ter é a do maior festival do planeta. Uma espécie de Copa do Mundo da música (e olha que a Copa do Mundo acontece com mais freqüência). Acredito que a 1ª edição possa ter sido mesmo. Trezentas mil pessoas em um momento de abertura política, em que o país começava a receber grandes shows.

Agora, vejam esta atual edição. Num certo dia, tocaram Shakira, Ivete Sangalo e Jota Quest. Tirando o Jota Quest, que é inadmissível em qualquer situação, toleremos a diversidade musical. Ivete Sangalo toca em micaretas ao redor de todo o Brasil. Shakira nasceu ali na Colômbia, já tocou até no Gugu e vive por aqui. Qual é o atrativo dessa noite? Qual é o sentido de colocar Elton John e Rihanna juntos? O que liga Ke$ha à Stevie Wonder?

O Rock in Rio acaba por não ter a relevância de shows individuais que já vem ao Brasil. Paul McCartney, U2, AC/DC, Eric Clapton, até o Justin Bieber. Nem de outros festivais menores, que são mais específicos em suas propostas.

Neste cenário, não é de se estranhar que os “destaques” das noites sejam as homenagens ao Brasil. Afinal, o Rock in Rio é um festival Pacheco. O grande momento da noite foi Stevie Wonder cantando Garota de Ipanema. Foi Ivete e Shakira cantando país tropical. O Coldplay com Mas que Nada. Os batuques do Red Hot Chili Peppers. Se o Metallica tocasse Fio de Cabelo, seria o destaque das matérias.

Fica agora a sugestão para a próxima edição por mais diversidade. Que haja uma noite do sertanejo, outra do sertanejo universitário. A noite do pagode, com a volta do Molejão. A Noite do Baile Funk. Ou que se misture tudo. Porque não colocar o Michel Teló abrindo o show do Metallica? Neil Young e Bonde do Tigrão. Por um mundo melhor, estimulemos a Guerra Civil.

Comentários

Thiago disse…
Senti falta do Chimbinha com seus espetaculares solos de guitarra