Invasão Americana

Hoje é dia de Halloween, o dia das bruxas. Aposto que durante boa parte da sua vida, você nem sabia quando é que ele acontecia. O nome “Halloween” só trazia lembranças de alguns filmes de terror. Os massacres, assassinatos, genocídios e aparições sobrenaturais que aconteciam previsivelmente nesta data. Se eu fosse americano, eu nem sairia de casa nesta noite. Ou, melhor, viajaria para outro país.

Porque é certeza que vem merda. Os monstros podiam atacar no dia seguinte, não? Daqui quinze dias. Mas, sempre escolhem o 31 de outubro, ano após ano. E ninguém percebe isso. Ninguém faz nada para evitar isso. E agora, é o caso dos brasileiros se preocuparem também.

Porque é possível que você esteja comemorando o Halloween. Colocando seus filhos com roupas ridículas e mandando-os bater de porta em porta pedindo doces ou travessuras. Um convite aos pedófilos de plantão. É provável que você esteja aí, vestido de abóbora, planejando e se preparando para cometer homicídios em série.

A culpa, é claro, deve ser dos publicitários, sempre eles, este povo maldito. Eles devem ter inventado o Halloween no Brasil para vender alguma coisa. Talvez seja um grande ato junto com a indústria das abóboras, ou com a poderosa indústria que fabrica máscaras de Jason. O fato é que Halloween deixou de ser um hábito escroto dos americanos e entrou em nossa rotina.

Assim como o futebol americano e outros esportes, que surpreendentemente, são chamados de americanos. Antigamente, o brasileiro só ligava para o futebol e algum outro esporte que tivesse um brasileiro vencendo. O beisebol, por exemplo, era ridicularizado. Tacos de beisebol eram utilizados apenas por psicopatas e um ou outro civil disposto a promover linchamentos públicos.

Hoje não. Você é que corre o risco de ser espancado se falar que acha beisebol um esporte insuportável. Que é impossível entender porque aquele monte de gente saí correndo de um lado para o outro, como baratas envenenadas, depois que um cara rebate uma bola. Fora um monte de estatísticas retardadas como “o cara que mais rebateu bolas para fora do estádio no dia seguinte a uma hecatombe nuclear”.

O Superbowl, a final do futebol americano, já é um evento nacional. Pessoas se unem em bares para assistir a partida. Vibram com interceptações e gritam quando um touchdown é anotado. Compram camisas, capacetes, ombreiras e bolas ovais.

Dizem que toda esta influência já está fazendo com que surja em nosso país a folclórica figura do capitão da equipe de futebol americano do colégio. Que eles já andam por aí, utilizando armários para constrangimento público e humilhando os nerds, que depois se vingam de maneira cruel.

Creio que em breve, se isso já não estiver acontecendo, as pessoas estarão curtindo hóquei no gelo. Estarão aqui em Cuiabá, montando grandes quadras congeladas para praticar o distinto, e quem sabe, refrescante esporte. E logo chegará o dia em que estaremos comemorando o dia de ação de graças.

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