/!\ Atenção /!\ Este texto é um coletivo de idéias

Nos tempos de colégio, em algum momento nós tínhamos que estudar os coletivos. Os grupos de animais, certo? Haviam as manadas de elefantes, as alcatéias de lobos. Os cardumes de peixes. Os rebanhos de bois. A Matilha de cães. Aliás, em outro momento você aprenderia que além de coletivos, meus exemplos são pleonasmos.

Após alguns anos, é bem difícil que você se lembre de todos os coletivos. Por isso, é mais fácil utilizar a estratégia de um antigo professor de auto-escola meu. No seu mundo, todo e qualquer coletivo atendia pelo nome de multidão. Ele dizia que quando nós conseguíssemos nossas habilitações, nos juntaríamos a uma multidão de pessoas, que dirigiam uma multidão de carros, em multidões de ruas, com multidões de acidentes. É uma maneira bem prática.

No entanto, quando você entra num coletivo, não significa que você está entrando em uma alcatéia. Até porque, ao que me parece, entrar no meio de uma alcatéia é uma péssima idéia. Quando você entra num coletivo, você na verdade entra em um ônibus. Ou num microônibus? Em alguns lugares remotos da humanidade, pessoas abreviam os transportes coletivos em sua última palavra.

Ou melhor, você pode entrar em outro tipo de coletivo. Os coletivos responsáveis por coisas bizarras. Manadas de elefantes fazem coisas bizarras também, mas não é este o caso.

Você lê uma notícia exótica num jornal, sobre um boneco de lego gigante que foi encontrado flutuando lá na puta que o pariu. Quem fez aquilo? Foi Deus? Não foi um coletivo de artistas plásticos holandeses. Em suma, um bando de maconheiros desocupados que resolve sacanear a humanidade.

Estes coletivos são responsáveis pelas mais estrondosas intervenções no cotidiano humano. Ao contrário daqueles outros, que, no máximo, batem em um poste aqui ou ali.

E ainda temos a entrevista coletiva. Uma quase tortura. A cada novo fracasso da seleção brasileira de futebol, o treinador Mano Menezes é posto diante de um desafio: explicar as razões da derrota em uma entrevista coletiva. O resto da humanidade se vê diante de outro desafio, ainda maior: assistir à entrevista.

Mano Menezes é um símbolo involuntário da chateza das entrevistas coletivas. O treinador pensa em cada frase durante minutos e demora horas respondendo. Começa cada frase com um irritante “veja bem”. Cada palavra é fruto de um planejamento de longo prazo.

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